quarta-feira, 30 de abril de 2014

Sobre o livro de Piketty "Capital no século XXI"


O novo livro sensação de Thomas Piketty

por Hunter Lewis

Thomas Piketty, economista francês de 42 anos de idade, escreveu um livro novo que está sendo muito comentado: Capital no Século XXI . A edição americana foi publicada pela Harvard University Press e, de notavelmente, está liderando a lista dos mais vendidos; é a primeira vez que um livro Harvard consegue isso. Uma revisão recente descreve Piketty como o homem "que expôs uma falha fatal do capitalismo. "
Então, qual é essa falha? Supostamente sob o capitalismo os ricos ficam cada vez mais ricos em relação a todos os demais e a desigualdade fica cada vez pior. Todos esses ingredientes são, inevitavelmente, assados no bolo.
Para sustentar isso, Piketty oferece uma lógica financeira duvidosa e sem suporte, assim como o que ele chama de "um gráfico espetacular " de dados históricos. O que o gráfico realmente mostra?
O montante da renda americana controlado pelos 10% mais ricos começa em torno de 40% em 1910, sobe para cerca de 50% antes da crise de 1929, depois cai e retorna para cerca de 40% em 1995, e posteriormente volta a subir para cerca de 50% antes de cair um pouco depois da crise de 2008.
Vamos pensar sobre o que isso realmente significa. A renda relativa dos 10% mais ricos não subiu inexoravelmente ao longo deste período. Em vez disso, ela atingiu o pico em dois momentos: pouco antes das grandes crises de 1929 e 2008. Em outras palavras, a desigualdade aumentou durante a era das grandes bolhas econômicas e caiu em seguida.
E o que causou e caracterizou essas bolhas? Elas foram causadas, principalmente, pelo Banco Central americano (Federal Reserve) e de outros bancos centrais, criando demasiado dinheiro novo e dívida. Elas foram caracterizadas por uma explosão de “capitalismo de compadrio” em que algumas pessoas ricas aproveitaram todo o dinheiro novo em Wall Street e por meio de conexões com o governo em Washington.
Podemos aprender muito sobre o capitalismo de compadrio estudando o período entre o final da Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão e também nos últimos 20 anos, mas não vamos aprender muito sobre o capitalismo. Capitalismo de compadrio é o oposto do capitalismo. É uma perversão dos mercados e não o resultado de preços livres e mercados livres.
Pode-se ver o porquê da Casa Branca gostar de Piketty. Ele sustenta o mesmo argumento de que o governo é a cura para a desigualdade, quando na realidade, o governo tem sido a principal causa da crescente desigualdade.
A Casa Branca e o FMI também estão adorando a proposta de Piketty, não somente pelos impostos sobre altas rendas, mas também pelos os impostos sobre grandes riquezas. O FMI, em particular, tem defendido impostos sobre riqueza como forma de restaurar as finanças do governo em todo o mundo e também reduzir a desigualdade econômica.
Espere ouvir cada vez mais sobre tributos sobre o patrimônio. Espere ouvir que será um evento “único” (que não se repetirá) e que isso irá realmente ajudar o crescimento econômico e a redução da desigualdade econômica.
Isso tudo é um absurdo completo. O crescimento econômico é produzido quando uma sociedade poupa dinheiro e investe a poupança com sabedoria. Não é a quantidade de investimento que mais importa, mas a qualidade. O Governo não é capaz nem de poupar nem de investir, muito menos investir com sabedoria.
Ninguém deve imaginar que um programa de taxação de riqueza é um evento "único”. Nenhum imposto é um evento “único”. Uma vez estabelecido, ele não só persiste, como cresce constantemente ao longo dos anos.
Piketty deveria perguntar a si mesmo: O que acontecerá quando os investidores tiverem que vender suas ações, títulos, imóveis ou outros ativos a fim de pagar o imposto sobre a riqueza? Como os mercados absorverão todas essas vendas? Quem serão os compradores? E como isso ajudará o crescimento econômico com os mercados e os valores dos ativos em colapso pela pressão de venda?
Em 1936, surgiu um livro acadêmico denso, difícil de ler e que parecia dizer aos políticos que poderiam fazer exatamente o que eles queriam fazer. Essa foi a Teoria Geral de Keynes. O livro de Piketty tem a mesma finalidade em 2014 e serve às mesmas políticas míopes e destrutivas.
Se a Casa Branca de Obama, o FMI e pessoas como Piketty apenas deixassem a economia por si só, ela poderia se recuperar. Como está, eles continuam inventando novas maneiras de destruí-la.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Barbosa critica a verborragia inconsequente de Lula



Barbosa defende STF e diz que Lula tem dificuldade para entender o Judiciário

Para o presidente do Tribunal as declarações levam desesperança para o cidadão comum, que clama por justiça contra casos de corrupção

Carolina Brígido

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, ficou indignado com as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento do processo. Barbosa divulgou nota nesta segunda-feira dizendo que os comentários de Lula revelam a dificuldade dele em compreender o papel do Judiciário em uma democracia. O ministro defendeu a atuação do tribunal ao longo do julgamento, pois, segundo ele, houve larga oportunidade de atuação da defesa e da acusação.

“O juízo de valor emitido pelo ex-Chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”, diz o texto.

Barbosa também afirmou que as declarações de Lula levam desesperança para o cidadão comum, que clama por justiça contra casos de corrupção. O ministro lamentou que as críticas tenham sido feitas no exterior, e não no Brasil.

“Lamento profundamente que um ex-presidente da República tenha escolhido um órgão da imprensa estrangeira para questionar a lisura do trabalho realizado pelos membros da mais alta Corte da Justiça do País. A desqualificação do Supremo Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que merece o mais veemente repúdio. Essa iniciativa emite um sinal de desesperança para o cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade, e acuado pela violência. Os cidadãos brasileiros clamam por justiça”, escreveu o ministro.

Na nota, Barbosa ressalta que o processo foi conduzido de forma transparente, e que réus e o Ministério Público puderam ter acesso simultaneamente aos autos de qualquer parte do país, porque os documentos foram digitalizados e estavam disponíveis em rede. “Os advogados dos réus acompanharam, desde o primeiro dia, todos os passos do andamento do processo e puderam requerer todas as diligências e provas indispensáveis ao exercício do direito de defesa”, anotou o presidente do STF.

O ministro acrescentou ainda que a defesa e a acusação tiveram mais de quatro anos para levar ao STF as provas de seu respectivo interesse. Barbosa informou que mais de 600 testemunhas foram ouvidas e foram produzidas perícias por órgãos e entidades “situadas na esfera de mando e influência do presidente da República”, como Banco Central, Banco do Brasil e Polícia Federal. Ainda segundo a nota, outros órgãos produziram provas técnicas, como a Câmara dos Deputados e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Lula afirmou, em entrevista divulgada neste domingo pela TV portuguesa RTP, que os ministros do Supremo tomaram mais uma decisão política do que jurídica ao condenar 25 réus do processo do mensalão.
“Tem uma coisa que as pessoas precisam compreender: o povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam. O mensalão, o tempo vai se encarregar de provar, que o mensalão, você teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica” disse o ex-presidente em um trecho da entrevista de quase 40 minutos.


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segunda-feira, 28 de abril de 2014

6 fatos que seu guru esquerdista nunca te contou





1. O comunismo falhou miseravelmente

Estima-se que os regimes comunistas ao longo do século XX tenham matado pelo menos 100 milhões de pessoas em todo mundo. Alguns podem até contestar esse número, mas precisam admitir que é impossível esconder tantas mortes varrendo tudo pra debaixo do tapete. Crimes de tamanhas proporções deixam rastros visíveis demais para serem ignorados.

Este número inclui não só as pessoas que foram mortas pela repressão típica destes regimes totalitários mas também em consequência de suas políticas econômicas desastrosas, tais como os confiscos que resultaram na fome russa de 1921 e no Holodomor ou a coletivização forçada do campo, implementada por Mao Tse Tung que resultou na Grande Fome Chinesa e por sua vez matou cerca de 20 milhões de pessoas.

Alguns regimes foram letais ao extremo. É o caso do Khmer Vermelho no Camboja que conseguiu exterminar nada mais, nada menos que um terço da população do país. 

O pior de tudo é que o comunismo acabou desmoronando em todos estes países e seu modelo teve que ser abandonado. Todas estas pessoas morreram em vão. Em nome de um ideal fracassado. O muro de Berlim caiu. A União Soviética não existe mais e a China mergulha de cabeça no capitalismo.

Mas não só o velho comunismo falhou. Os novos modelos de socialismo parecem fadados ao mesmo destino. O assim chamado "socialismo do século XXI" praticado na vizinha Venezuela dá claros sinais de que não poderá se sustentar por muito tempo. O país, mesmo tendo uma das maiores reservas de petróleo do mundo é assolado hoje por escassez de todo tipo de bem imaginável, de energia elétrica à papel higiênico, passando por frango, leite e outros produtos essenciais. Tem uma das taxas de inflação mais altas do mundo e uma taxa de homicídios também entre as mais altas do mundo.


2. A teoria de Marx foi refutada

Karl Marx construiu toda a sua teoria em cima de uma idéia errada herdada dos economistas clássicos: A teoria do Valor Trabalho. Segundo a teoria do Valor Trabalho, o valor real de  uma mercadoria era definido pela quantidade de trabalho investido na sua produção.

Com base nisso, Marx arroga ter descoberto o conceito da Mais Valia que dizia o seguinte: Se a mercadoria vale a quantidade de trabalho investida na sua produção, para que o patrão, que não trabalha diretamente, tenha lucro, ele precisa pagar aos funcionários, um valor menor do que o trabalho que eles investiram na produção da mercadoria. Dessa forma os patrões exploram o proletariado.

Porém Marx estava errado em vários pontos, desde o diagnóstico do problema, até a sua solução. A Teoria do Valor Trabalho foi refutada pela teoria da Utilidade Marginal, desenvolvida simultaneamente por três economistas: Stanley Jevons na Inglaterra, Leon Walras na França e Carl Menger na Áustria. Os três, ao mesmo tempo, em países diferentes e praticamente sem entrar em contato um com o outro, perceberam que o que confere valor a uma mercadoria não é o trabalho, mas a sua utilidade. 
Uma mercadoria que exigiu muito trabalho pra ser produzida não terá nenhum valor se não for útil. Portanto, é a utilidade que as pessoas conferem às mercadorias que determina seu valor. Os custos de produção, entre eles o do trabalho, é que precisa se ajustar aos preços de mercado.

Especula-se que este desmascaramento esteja por trás da atitude de Marx de adiar a publicação dos volumes seguintes da sua obra máxima: O Capital, que só foram publicados após sua morte, por Engels. 

Outros economistas posteriores como Ludwig von Mises e Friedrich A. Hayek dariam mais detalhes sobre a inviabilidade do socialismo, explicando que dessa forma, a única maneira de medir a utilidade de um produto é através do mecanismo de oferta e demanda do livre mercado. 
Se o livre mercado é suprimido, não há o mecanismo de oferta e demanda, se não há livre equilíbrio entre oferta e demanda, a economia se torna um caos. Por isso, abolir o mercado e concentrar as decisões econômicas no estado que tenta calcular o preço das mercadorias com base no trabalho é impossível e tende ao fracasso.


 3. As previsões de Marx nunca se cumpriram

Com base na sua ideia de Mais Valia e de exploração do proletariado, Marx previu que a situação dos trabalhadores iria se deteriorar cada vez mais. Como, segundo Marx, para garantir o lucro do patrão, o valor das mercadorias é vendido sempre acima daquilo que os trabalhadores recebem para produzi-las, o custo de vida destes aumentaria cada vez mais.
Isso iria gerar ciclos econômicos e crises frequentes, com cada nova crise sendo pior que a anterior, até que chegaria o momento em que o capitalismo entraria em total colapso, os trabalhadores se revoltariam, fariam uma revolução e implantariam o socialismo.


Só que nada disso aconteceu. Na verdade aconteceu o exato inverso.


O capitalismo é marcado por crises constantes sim, mas ele sai mais forte de cada uma delas.
A Grande Depressão foi com certeza a maior de todas as crises do capitalismo, mas isso já foi há mais de 80 anos. O capitalismo jamais passou por outra crise semelhante. Desde então é inegável que a qualidade de vida e a economia prosperaram enormemente nos países capitalistas.
Ao contrário do que Marx previra, a qualidade de vida das classes menos favorecidas aumentou e a pobreza extrema está sendo reduzida gradualmente em todo mundo. 

Para entender a velocidade desse progresso considere as Metas do Milênio apresentadas em 2000 pela ONU. O objetivo era reduzir pela metade o número de pessoas vivendo com 1 dólar por dia até 2015. Essa meta foi atingida cinco anos mais cedo.


4. A maioria dos países mais pobres do mundo tiveram regimes de inspiração socialista por longos anos

Você já deve ter ouvido falar que a culpa pela fome e pela miséria no mundo é do capitalismo.
Mas o que seu professor esquerdista não te contou é que o socialismo já foi e continua sendo, uma força extremamente influente no mundo. As idéias socialistas não vão contra o Status Quo, ela é parte do Status Quo. Ela é a parte ruim dele diga-se de passagem.

Muitos países que você imagina serem vitimas do capitalismo já tiveram regimes de inspiração socialista. Só no continente africano: Angola, Moçambique, Benin, República do Congo, Etiópia e Somália tiveram suas economias destruídas por regimes comunistas que duraram vários anos e quase todos continuaram tendo economias bastante controladas pelo estado mesmo depois disso.

Seu professor esquerdista também deve ter falado pouco sobre regimes de inspiração socialista na Líbia e no Iêmen. Sobre o partido Baath no Iraque e na Síria. Que países que fizeram parte da União Soviética e que mantiveram um modelo parecido, mesmo com o fim do comunismo, como é o caso do Uzbequistão, tem a maioria da sua população na miséria.

Também não deve ter falado nada sobre como políticas socialistas devastaram o Zimbábue. Nem que a Índia, país que concentra a maioria dos miseráveis do mundo, por quase 40 anos teve uma sucessão de governos populistas, paternalistas, intervencionistas e que se inspiravam na economia soviética. Durante todo este período o país esteve completamente estagnado e só começou a crescer nos anos 90, justamente depois que o governo promoveu amplas reformas liberais, que apesar de tímidas, já conseguiram reduzir drasticamente a miséria no pais.


5. Os países mais liberais estão entre os mais desenvolvidos ou entre os que mais rápido se desenvolvem

Outra coisa que seu professor esquerdista não deve ter te contado, é que todos os países com IDH considerado "muito alto" são, de uma forma ou de outra, capitalistas. Aposto que você não sabia que a Nova Zelândia estava completamente quebrada nos anos 80, mas que depois de uma reforma liberal radical, conseguiu se reerguer e chegar ao posto de 6º melhor IDH do mundo. Que a Alemanha saiu dos destroços da II Guerra Mundial seguindo uma doutrina econômica chamada "ordoliberalismo". Que os Estados Unidos, 3º melhor IDH do mundo, maior economia do mundo e país mais inovador do mundo em número de patentes, tem a liberdade de mercado e a propriedade privada como parte inseparável da sua história, da sua cultura, das suas instituições e da sua própria identidade nacional.

Não deve saber que a carga tributária da Austrália (2º melhor país pra se viver do mundo) é de apenas 33,2% do PIB, que o Canadá foi considerado o 2º melhor país para se fazer negócios pelo Fórum Econômico Mundial, nem que Hong Kong e Singapura (13º e 18º melhores IDHs respectivamente) eram países miseráveis até bem pouco tempo atrás. Conseguiram chegar ao posto em que estão hoje em menos de 30 anos e são justamente, os dois países mais liberais do mundo.

Nem todo país liberal é desenvolvido, mas com certeza todos eles estão no caminho. Um exemplo é o Panamá, o país da América Central que teve o 8º maior crescimento do PIB em 2012 e que está entre os que mais reduziram a pobreza nos últimos anos, ou o Peru, que apesar de ainda ser bastante pobre, também vem conseguindo reduzir drasticamente a pobreza e teve o maior crescimento do PIB da América do Sul em 2012.

6. Distribuição de Renda pode não servir pra nada

Os socialistas dão a entender, através de seu discurso, que a desigualdade é o grande mal do mundo. Para descreditar as políticas liberais, apontam para um "aumento da desigualdade" como se isso fosse sempre um mal e como se igualdade fosse sempre um bem.

São incapazes de perceber que desigualdade não significa pobreza e que igualdade não significa riqueza. Um povo pode ter igualdade, mas serem todos iguais na pobreza. Da mesma forma, outro povo pode, apesar da desigualdade, garantir um nível de vida satisfatório para os mais pobres.

A prova disso é que a desigualdade medida pelo Coeficiente GINI, revela algumas coisas bem interessantes:

- A Etiópia é um dos países mais igualitários do mundo. É inclusive mais igualitária que a média dos países da União Européia. Outro que também está entre os mais igualitários é o Paquistão.
Mas onde é que existe mais pobreza? No Paquistão e na Etiópia ou na União Européia?

- O Timor Leste é mais igualitário que Espanha, Canadá e França

- O Bangladesh, outro país que concentra massas de miseráveis é mais igualitário que Irlanda e Nova Zelândia.

- A Índia é mais igualitária que o Japão.

- O Malawi é mais igualitário que o Reino Unido.

E a lista segue adiante. Os exemplos são inúmeros mas todos eles levam a uma conclusão inequívoca: Igualdade não serve para nada.

Fonte: http://www.porcocapitalista.com.br/2014/01/6-fatos-que-seu-professor-esquerdista.html


domingo, 20 de abril de 2014

A Glamourização do Apedeuta


O ator Carlos Verezza desmascara a hipocrisia petista em entrevista no programa do Jô Soares.


sábado, 5 de abril de 2014

'Ipea perdeu credibilidade', diz professor


'Ipea perdeu credibilidade', diz professor

Para especialistas, Ipea demorou para detectar e divulgar o erro dos dados, embora a ação tenha mostrado integridade por parte dos pesquisadores

Reportagem de Mônica Reolom - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Especialistas afirmam que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demorou ao detectar e divulgar o erro dos dados, embora a ação tenha mostrado integridade por parte dos pesquisadores. No entanto, também reservam críticas à metodologia.

O professor Marcos Fernandes, do curso de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), disse que o Ipea é uma instituição renomada, mas que está perdendo credibilidade. "É uma fato grave que deveria ser um pouco mais investigado e estudado." Ele criticou a metodologia adotada na pesquisa. "As perguntas têm de ser muito bem feitas, senão, você enviesa a resposta."

Para o professor, o resultado já havia ficado comprometido antes de a inversão dos números vir à tona. "O problema desse trabalho é que ele parece mais guiado por ideologia do que pela ciência. E é muito perigoso quando um instituto de pesquisa permite ser mais guiados por interesses políticos e ideológicos do que pela pura pesquisa para identificar características básicas de como a sociedade brasileira se organiza, de como os brasileiros pensam, sobre suas crenças, e assim por diante", explicou o professor.

Fernandes destacou a repercussão que o dado incorreto causou. O resultado de que 65% acreditam que mulheres com roupas curtas merecem ser atacadas, para o economista, "gerou crenças no âmbito da ciência, da política e da psicologia social, além de debates e programas de televisão, tendo uma visão enviesada do brasileiro e da brasileira".

A professora de Matemática e Estatística da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Cileda de Queiroz e Silva Coutinho considerou, antes de tudo, que o instituto teve "decência e honradez" ao reconhecer o erro.

"Toda análise de dados pode ter problemas. O cadastramento de variáveis é feito por humanos, que estão sujeito a erros. Foi importante que o Ipea recuasse, ao contrário do que muita gente faz", afirmou a professora, que citou pesquisas eleitorais como exemplo de grande incidência de erros.

Por outro lado, segundo Cileda, não é justificável a falta de checagem nem a demora em divulgar a incorreção. "Antes de publicar, tem de fazer uma verificação e, para evitar erros, você faz mais de um tratamento com os dados. O instituto falhou em não fazer todas as checagens."