sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Fantasias explicativas




As explicações irreais sobre a situação econômica

Depois de desqualificar a crítica do FMI à perspectiva desfavorável da economia brasileira, o ministro Guido Mantega afirma que a Argentina não está em default, pois ela está disposta a pagar os credores e não consegue porque o juiz americano que está responsável pelo caso não permite...
Vamos aos fatos. Em primeiro lugar, não é só o FMI que está apontando a clara fragilidade econômica do Brasil. Todos os analistas especializados que não estão comprometidos com o discurso oficial destacam a vulnerabilidade da economia brasileira, a qual está fortemente dependente dos preços internacionais das commodities. Variações negativas desses preços afetarão significativamente as contas nacionais. Soma-se a isso a artificialidade com que o câmbio e os preços dos produtos controlados estão sendo controlados. O governo tenta, com todas as suas forças e criatividade, segurar a escalada de preços dos bens e serviços que participam do cálculo da taxa de inflação, aguardando passar as eleições. Porém, os demais preços “não controlados” já estão apontando altas de dois dígitos percentuais. Basta perguntar a qualquer dona de casa se o carrinho está ficando mais vazio gastando-se a mesma coisa...
O problema do discurso fantasioso do governo é que mentira tem perna curta, como se diz por aí... Não dá para iludir profissionais responsáveis e com conhecimento técnico sobre a situação atual e o horizonte nebuloso que vem por aí.
O relatório do FMI seria muito mais contundente se os dados analisados levassem em conta o período de 2014, pois só foram consideradas as informações até 2013. O déficit externo atual é superior aos 2,9% do PIB considerados pelo FMI.
Agravando a situação, o país vizinho está sim em default, isto é, deu o caloteAo contrário do que afirmou Mantega, a Argentina não consegue pagar a sua dívida externa e deu o calote nos credores. O que o ministro ridiculamente tentou fazer, foi enganar a opinião pública dizendo que o culpado era o juiz americano... Lamentável um ministro se posicionar dessa maneira. A Argentina queria fazer um acordo com os credores para pagar com descontos volumosos e alguns desses credores não aceitaram, por isso o caso está sendo julgado em uma corte americana, a qual foi escolhida pela própria Argentina para tratar qualquer questionamento judicial. Isso não é uma interferência dos Estados Unidos. Em resumo, Mantega não explicou a situação corretamente e ainda distorceu a questão.