terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Camisetas estereotipadas da Adidas sobre o Brasil




Camisetas com conotação sexual da Adidas para a Copa revoltam o governo

Site da empresa nos Estados Unidos oferece peças com mensagens de duplo sentido

Paulo Favero - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Uma linha de camisetas da Adidas sobre a Copa do Mundo está gerando polêmica por causa do duplo sentido que o material traz. Ao mesmo tempo que fala de Brasil e da paixão pelo futebol, também reforça o apelo sexual num momento que o governo do País luta para não passar essa imagem internacionalmente. O material causou revolta na Embratur, que promete formalizar nesta terça uma reclamação à empresa alemã de material esportivo.
Vamos entrar em contato com a direção da Adidas, fazendo um apelo para que reveja essa atitude e tire os produtos do mercado. Essa campanha vai no sentido contrário ao que o Brasil defende", explica Flávio Dino, presidente da Embratur. "Nosso esforço é voltado para a promoção do Brasil pelos atributos naturais e culturais. Uma iniciativa dessas ignora e desrespeita a linha de comunicação que o governo adota."
Uma camiseta apresenta a frase "Lookin’ to score", que pode ser traduzida por "em busca dos gols". Mas também é uma expressão que significa "pegar garotas" de uma maneira mais sexual. A imagem de uma moça de biquíni não deixa dúvidas da dupla intenção. Ela está à venda no site da adidas nos Estados Unidos (www.adidas.com/us/) por US$ 25 (R$ 58,50) e parece fazer parte de uma nova linha.
A outra camiseta coloca um coração amarelo que também pode ser enxergado no formato de nádegas com um fio dental verde. Também passa uma mensagem de duplo sentido e fala "Eu amo o Brasil". No site, custa US$ 22 (R$ 51,50). O portal do jornal O Globo já havia mostrado a peça nesta segunda-feira.
"O governo brasileiro discorda dessa linha de produtos, não aceitamos o turismo sexual. Claro que as pessoas podem namorar durante a Copa, mas não queremos uma mercantilização disso. Acaba sendo inclusive um desserviço à própria marca, porque ela está se associando a um tema muito negativo", comenta Dino.
O presidente da Embratur disse que isso atrapalha a organização do Mundial. "A gente luta para afirmar uma imagem positiva do evento, e isso fortalece os discursos críticos à Copa. O problema é a apropriação disso e deturpação do que pode ser a Copa. Já comunicamos nossas agências espalhadas por 15 países para que façam a divulgação de que não aceitaremos isso."
A Adidas foi procurada pela reportagem do Estado, mas até o fechamento desta matéria ainda não tinha se pronunciado. O caso foi enviado para a matriz da empresa na Alemanha, porque o material é comercializado no exterior e por isso é a sede global que deve se posicionar. A Adidas é patrocinadora oficial da Copa do Mundo.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Violência revolucionária


Violência revolucionária
Denis Lerrer Rosenfield* - O Estado de S.Paulo

A morte de um cinegrafista da Band, atingido no crânio por um rojão disparado por um black bloc, tendo contado com a ajuda de outro membro do mesmo grupo, está suscitando uma série de reações indignadas. Algumas dessas reações têm conteúdo eminentemente político, para não dizer que vertem lágrimas de crocodilo. O apoio velado, para não dizer explícito, agora se traduz pela condenação. Ora, a impunidade com que tal grupo tem agido desde junho já anunciava um desenlace como esse. Era só questão de tempo.

Observemos que não se trata de um assassinato qualquer, como esses que são estampados todos os dias nas notícias impressas e televisivas. Há uma nítida tentativa de alguns responsáveis governamentais e formadores de opinião de desqualificar o componente político desse assassinato, como se fosse uma espécie de acidente que poderia acontecer a qualquer um. Desde junho a violência sob a forma de vandalismo, quebra-quebra e das mais variadas formas de intimidação tomou conta das ruas brasileiras. Mais recentemente esses mesmos grupos procuraram apropriar-se do movimento não violento dos rolezinhos, com o intuito de lhe conferir uma dimensão político-ideológica. Ainda mais recentemente, o MST ameaçou invadir o Supremo e o Palácio do Planalto fazendo uso explícito da violência, 30 pessoas sendo feridas. Transfere para as cidades o que já fazia no campo brasileiro.

Agem todos esses grupos impunemente, apoiados por movimentos sociais organizados e partidos de esquerda e extrema esquerda. Agora, com o assassinato político, todos procuram dissociar-se do ocorrido pela simples razão da condenação e do repúdio observados na opinião pública. Procuram dissociar-se do que até ontem, por assim dizer, apoiavam. Outro fato digno de nota nesse processo é que a qualificação de puro assassinato procura retirar dessa morte a conotação propriamente política, como se não fossem os grupos de extrema esquerda que estivessem por trás - ou à frente - deles. É como se a "esquerda" não tivesse nada que ver com isso.

Imaginem se fosse um grupo de extrema direita o responsável por esse assassinato. Os formadores de opinião "engajados" não cessariam de ressaltar que a direita é culpada de todo o acontecido. Palavras como "fascistas" seriam proferidas e escritas diariamente. Como se trata da "esquerda", procura-se não mais falar disso!

Nas jornadas de junho já havia ficado patente o charme que a violência dos black blocs exercia sobre uma esquerda nostálgica do período áureo do marxismo. É como se se tratasse de um recurso legítimo dos descontentes e revoltados contra o status quo, o "capitalismo", a "burguesia", os "conservadores" e a direita em geral. Tudo estaria justificado em nome da moralidade de um fim maior, que seria uma sociedade sem classes, chamada de socialismo ou comunismo. Quando a violência era mencionada, o objetivo era apenas denominar a ação policial mediante o recurso da força. O jogo ideologicamente encenado era o seguinte: a violência da extrema esquerda seria legítima e moralmente justificada, enquanto o uso da polícia para coibir essa violência seria ilegítimo e imoral. Mesmo máscaras chegaram a ser justificadas. Seria a estética de uma violência glamourizada.

A extrema esquerda, por exemplo, personificada no PSOL, que agora procura dissociar-se do assassinato do cinegrafista da Band, dizia há pouco tempo, na fala de seu secretário-geral: "Em tese, as táticas black bloc dispõem-se a proteger manifestações da sociedade civil contra ações truculentas das forças do Estado". E ainda completou: "Não nos parece que o conceito da tática black bloc seja algo retrógrado ou mesmo indesejável em essência e propósitos originais. É algo progressivo, politicamente moderno, trazido pelas mãos da dialética na História". Eis a "modernidade dialética" do assassinato, travestido de ato revolucionário.

Eis um discurso da Academia, que deveria ser um lugar de inteligência, o que não é, aliás, manifestamente o caso: "Ao chamar a atenção para os bancos, para as grandes marcas e para o Estado brasileiro, o Black Bloc resgata a atenção dos meios de comunicação e a redireciona para o sistema econômico e político que está na gênese da verdadeira violência da nossa sociedade". Eis, enfim, a violência revolucionária apresentada como moralmente legítima. O assassinato faz parte desse percurso!

Há uma mentalidade reinante que tende a justificar qualquer ato violento por razões de ordem pretensamente política, como se fosse válida a concepção marxista da luta de classes. Os conflitos seriam estruturais por seu caráter de classe, de modo que qualquer ação que visasse a destruir o status quo capitalista seria legítima. A violência, nessa perspectiva, seria moralmente justificada. Há o que poderíamos chamar de um marxismo-leninismo difuso que se apresenta sob a forma do politicamente correto.

Segundo essa abordagem, a violência seria somente um meio da classe dominante visando a assegurar a exploração dos trabalhadores, sendo a polícia o seu instrumento. Note-se que, na grande maioria das notícias e análises, o foco esteve centrado na dita violência policial, como se o uso legítimo da força não fosse monopólio do Estado. Intencionalmente, a causa foi confundida com o efeito. O uso policial da força, reativo, foi tido como se fosse a causa. A violência causadora, a dos grupos de extrema esquerda, era tida por moralmente válida, sendo uma ferramenta legítima da luta política.

Uma vez que esses grupos conseguiram impor a sua visão, as forças policiais foram desmobilizadas. Passaram a observadoras das cenas de violência, não intervindo. A impunidade abriu o caminho para que a violência se generalizasse. Não mais contidos, os grupos de extrema esquerda passaram a aumentar o grau de violência. As autoridades públicas, nesse sentido, têm também a sua parcela de responsabilidade.


*Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS. E-mail: denisrosenfield@terra.com.br

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,violencia-revolucionaria,1133809,0.htm

domingo, 23 de fevereiro de 2014

E a opressão do governo socialista venezuelano continua...


Mais de 500 foram presos nos protestos da Venezuela, denuncia ONG
Segundo levantamento do Foro Penal Venezuelano, 401 foram detidos sem uma acusação formal

por Luiz Raatz, enviado especial - O Estado de S. Paulo


CARACAS - Após quase 20 dias de protestos da oposição e de estudantes contra o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pelo menos 539 pessoas foram presas pelas forças de segurança, 401 delas sem acusação formal. O levantamento foi divulgado neste domingo, 23, pelo Foro Penal Venezuelano, ONG de direitos humanos crítica ao chavismo que presta assistência jurídica aos manifestantes venezuelanos. Além disso, a entidade contabiliza nove mortos - sete vítimas de violência policial e dois de acidentes decorrentes de barricadas feitas por manifestantes - e 19 jornalistas detidos, além de casos de tortura e extorsão por parte das autoridades. Não há registros de desaparecidos.
"Nós só pedimos que os responsáveis por esses abusos sejam punidos. O governo venezuelano deve identificar os chefes das unidades militares responsáveis pelos abusos", disse o diretor do Foro Penal Venezuelano, Alfredo Romero. "O Estado é cúmplice desse crime de lesa-humanidade."

A ONG apresentou em entrevista coletiva uma série de fotos e laudos médicos de abusos cometidos contra manifestantes. O caso mais chocante é o do estudante Juan Manuel Carrasco, que teria sido violado por um fuzil. A cópia do laudo usado no processo diz que a vítima apresentava um quadro hemorragia intestinal severa, dores abdominais e lacerações internas.

O governo venezuelano nega as acusações de abusos. "Aqui na Venezuela não se tortura. Para haver tortura é preciso dar a ordem e eu não dei essa ordem", disse Maduro em discurso na sexta-feira. "Esse é um governo que respeita os direitos humanos", declarou a Procuradora-Geral da República, Luisa Ortega.

Mais cedo, a Divisão Antihomicídios da Polícia Científica de Caracas identificou cinco membros do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) suspeitos de envolvimento na morte do estudante Bassil da Costa, nos protestos de 12 de fevereiro e de ferir mais dois manifestantes. Ele foi morto depois de participar de uma manifestação contra o governo. Os agentes foram identificados como José Miguel Domínguez Ramírez, José Giovanni Valladares López, Edgar José Lara Gómez, Andry Joswua Jaspe López e Jonathan José Rodríguez Duarte. Os suspeitos foram identificados com a ajuda de vídeos e fotos feitos por jornalistas e manifestantes. Depois da morte de Da Costa, Maduro ordenou trocar a cúpula do Sebin.

A entidade jurídica, no entanto, afirmou que o governo chavista vale-se da tática de prender os estudantes sem acusação como forma de intimidação, para tentar coibi-los a protestar outras vezes. "Muitas vezes exigem dinheiro para libertá-los ou os agridem na prisão", disse o advogado Gonzalo Himiob. "Houve um caso de um estudante que se apresentou com hematomas ao juiz depois de ter dado entrada na cadeia com saúde. Foi liberado."

Repressão. Nos últimos dias, ao menos duas manifestações foram reprimidas com violência pela Guarda Nacional Bolivariana no bairro de Altamira, na zona leste de Caracas. Na última delas, no sábado, a reportagem flagrou quatro prisões feitas por homens da Polícia Nacional Bolivariana na Avenida Francisco de Miranda. Os estudantes foram algemados e levados de moto pelos guardas. Também na manifestação da noite de sábado, na qual quatro estações do metrô foram fechadas, a prefeitura de Chacao atendeu 25 feridos pelas bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

No ato de quarta-feira, estudantes e jornalistas foram cercados em edifícios residenciais de Altamira, enquanto a GNB atirava bombas de gás contra eles. No fim da noite, motorizados armados percorriam em alta velocidade a Avenida Francisco de Miranda atirando para o alto. "Quando os motorizados vêm em bando você sabe que é melhor correr", disse a estudante de comunicação social Aranxtsa Pomonty ao Estado. Ela contou que teve de se esconder por horas em um prédio para não ser presa.


No sábado, voltou à praça para protestar. Depois de dois dias relativamente calmos, a GNB voltou a reprimir os atos da oposição com mais violência. Mais cedo, uma marcha convocada pela Mesa de Unidade Democrática (MUD) tinha reunido dezenas de milhares de pessoas em Caracas. Os guardas avançaram contra as barricadas com tiros de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Parte dos estudantes, que fugiram pela Avenida Francisco de Miranda, tentou conter o avanço da polícia com barricadas de lixo queimado. Foi quando passaram os motorizados atirando para cima. O resto dos manifestantes correu na direção do centro. Alguns foram presos.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Repressão venezuelana contra os manifestantes que pedem o fim do socialismo



Cenas de brutalidade da polícia nacional de Nicolás Maduro contra os manifestantes que clamam por liberdade pelo fim do socialismo.
E a esquerda brasileira acusa polícia daqui de violenta contra os ataques criminosos dos black blocs???





Opressão venezuelana à imprensa


Oposição critica 'apagão informativo' na Venezuela

Carlos Chirinos
Da BBC Mundo


Venezuelanos que se opõem ao governo de Nicolás Maduro afirmam que o país vem sofrendo um 'apagão' informativo.
Eles criticam a falta de cobertura de notícias que possam prejudicar a imagem do presidente, resultado do que consideram um 'alinhamento' da imprensa com o governo.
Além disso, os opositores acusam o governo de estar por trás de uma 'censura' nas redes sociais, meio encontrado por milhares de venezuelanos para reclamar dos meios de comunicação e divulgar o que, segundo eles, não é veiculado por rádios e TVs.
Recentes problemas técnicos no Twitter acentuaram o volume de críticas. Usuários relataram ter tido dificuldades de subir fotos e vídeos após uma marcha estudantil na capital Caracas que terminou com três mortos, dezenas de feridos e manifestantes presos.
A empresa americana confirmou que teve problemas na Venezuela e creditou a pane à Compañía Anónima Nacional Teléfonos de Venezuela (CANTV), a estatal que também oferece serviços de Internet.
"Confirmamos que imagens vêm sendo bloqueadas no Twitter na Venezuela. Acreditamos que o governo esteja por trás disso", afirmou Un Wexler, porta-voz da companhia, em email enviado à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Os usuários afetados alegam que o problema ocorre apenas em conexões estabelecidas por meio do serviço de internet da CANTV, mas a estatal negou que esteja envolvida na falha.

Sem alternativas
Opositores venezuelanos relatam preocupação sobre a possibilidade de que, sem as redes sociais, não consigam ter acesso a informações que não são veiculadas pela mídia tradicional.
"Durante esse tempo todo, estive grudada no Twitter e no Facebook, porque a TV não mostra nada", afirmou à BBC Mundo uma venezuelana que não pôde participar do protesto da última quarta-feira e queria buscar mais detalhes sobre a mobilização.

Críticos afirmam que governo venezuelano 'censura' imprensa
Como ela, naquele dia, muitos opositores perceberam que no restante da Venezuela poucos sabiam o que estava acontecendo nas ruas de Caracas por parte da mídia tradicional.
O cenário das comunicações no país parece ter se invertido nos últimos anos. Mesmo depois da chegada do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013) ao poder, o governo acusou por diversas vezes a imprensa de estar a serviço de partidos políticos.
Agora, os opositores se queixam de que não têm espaço na mídia tradicional.
A crítica à cobertura da imprensa, entretanto, divide opiniões na sociedade venezuelana. Enquanto uns defendem que a mídia vem sendo mais responsável em relação à publicação das notícias, outros dizem se tratar de censura.

Primeiro 'apagão'
Não é a primeira vez que os meios de comunicação venezuelanos são acusados de 'esconder' informações.
Entre os dias 11 e 13 de abril de 2002, quando uma tentativa de golpe tirou o ex-presidente Hugo Chávez do poder, os principais canais de televisão, estações de rádio e jornais foram criticados por não cobrir protestos chavistas exigindo a reintegração governo.
Mas o cenário da mídia venezuelana mudou muito. Em 2008, a Radio Caracas Televisión (RCTV), até então o principal canal do país, cessou as transmissões depois que Chávez anunciou que não iria renovar sua licença, acusando os seus líderes de ter instigado o golpe. A emissora estava no ar havia 50 anos.
Em 2009, 30 emissoras comerciais também fecharam, incluindo várias consideradas de oposição ao governo. As freqüências foram ocupadas por emissoras "neutras" ou alinhadas com o governo.
Temendo represálias, dois outros canais de televisão do país, a Venevisión e Televen, assumiram posições "neutras", reduzindo de suas programações o tempo dedicado ao jornalismo e demitindo jornalistas que criticavam o governo.
Mas o maior golpe aos opositores veio em 2013, quando o controle do canal Globovisión mudou de mãos e sua política editorial tornou-se menos virulenta.

Novas formas de censura
Os críticos consideram que a imprensa venezuelana vem praticando o que chamam de "autocensura" por causa dos termos da lei de Responsabilidade Social em Rádio, Televisão e Oriente Eletrônica ou "Lei da Primavera", como é conhecida popularmente.
Após duas semanas de manifestações estudantis e na véspera do protesto de 12 de Fevereiro, a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), a Anatel venezuelana, pediu aos meios de comunicação que cumprissem à risca o artigo 27 da lei, que proíbe a apologia ao ódio e à violência.
"A cobertura midiática que os atos de violência perpetrados em algumas partes do país estão recebendo poderia ser considerada uma violação do disposto no artigo 27 da lei", declarou William Castillo, presidente da Conatel.

"Enquanto as redes sociais informavam sem nenhuma veracidade o que acontecia [nos protestos] à pequena parcela da população venezuelana que tem acesso à Internet, a mídia tradicional transmitia a comemoração do Dia da Juventude" Nota da ONG Transparência Internacional divulgada após o protesto estudantil de 12 de fevereiro.

Para os críticos, no entanto, o problema é a forma como a lei está redigida. Eles argumentam que o conceito de apologia ao ódio e à violência é muito amplo e sua interpretação fica a critério dos órgãos oficiais.

Desinformação
O escritório da ONG Transparência Internacional na Venezuela questionou a relevância do "alerta" feito pela Conatel e afirmou, por meio de um comunicado, que considerava o aviso uma violação do direito à informação consagrado na Constituição da Venezuela e nos tratados internacionais.
"Enquanto as redes sociais informavam sem nenhuma veracidade o que acontecia (nos protestos) à pequena parcela da população venezuelana que tem acesso à Internet, a mídia tradicional transmitia a comemoração do Dia da Juventude", afirmou o comunicado.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Tolerância zero

Tolerância zero

16 de fevereiro de 2014
DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

A intolerância está em toda parte. Na internet chegou a níveis insuportáveis. Nas ruas manifestações abrigam pistoleiros de aluguel. A presidente da República reage a críticas com termos de vulgaridade incompatível com o cargo, desatenta ao fato de que reeleição rima com reputação.
Na Praça dos Três Poderes os sem-terra tentam invadir o Supremo Tribunal Federal em conflito cujo saldo foi de 30 feridos, oito deles em estado grave. A oposição acorda da letargia e vai ao ataque, enquanto na base governista a revolta se avoluma e no tradicionalmente submisso setor empresarial a grita é diária e cada vez mais contundente.
À atmosfera ruim acrescenta-se o imprevisível: o rumo da economia, o risco de a Copa do Mundo se transformar num presente de grego e uma campanha eleitoral que será tão mais acirrada e conturbada quanto maior for a redução do favoritismo da presidente Dilma Rousseff. Com isso, o aumento da probabilidade de o PT se ver em via de voltar à planície.
A tensão aproxima-se do clímax, mas não surgiu de repente nem nasceu por geração espontânea. É filha legítima da dinâmica beligerante que o PT imprimiu ao seu modo de governar, tendo Luiz Inácio da Silva como o comandante em chefe.
O ato de confraternização em que Lula vestiu o boné do MST logo no início de seu primeiro governo soou como um aval do então presidente às ações do movimento. Raras as que não tinham caráter violento. Quando não de agressão física, de ofensa ao direito de propriedade consagrado pela Constituição.
A sucessora agora repete o ato de fiança aos renitentes infratores da lei quando os recebe em Palácio no dia seguinte à promoção de um conflito ali mesmo às portas do Planalto. A motivação? Reatar o diálogo com o MST, como se fosse conversa o objetivo de quem invade, depreda e destrói laboratórios de pesquisa.
Dilma retoma, assim, a mecânica conflituosa que Lula resumiu na expressão "nós contra eles" ao dividir o País entre apoiadores patriotas e críticos conspiradores.
Não há, pela lógica do governo, opositores. Há inimigos a serem dizimados. O exemplo "de cima" espalhou-se pirâmide social abaixo, contaminou os oposicionistas igualmente enraivecidos e fez da tolerância artigo em extinção.
A ausência de civilidade se generalizou. Não se trocam ideias, altercam-se insultos.
Sabem o senhor e a senhora do que anda precisando nosso País? Uma mudança de hábitos. Por exemplo, competência e honestidade são valores a serem bem pesados e medidos na hora da escolha de governantes.
Mas se a esses atributos acrescentarmos a familiaridade com bons modos e respeito ao melhor da língua portuguesa, podemos contar com a expectativa do retorno a um País senão ilusoriamente cordial, ao menos minimamente civilizado.
Meia-trava. O voto aberto para cassações de mandatos de parlamentares é providência merecedora de todas as homenagens recebidas. Convém, contudo, confiar desconfiando.
Levar em conta o outro lado da moeda e aguardar para conferir se não vai diminuir consideravelmente o número de casos de pedidos de punição por quebra de decoro parlamentar levados ao Conselho de Ética, que chegarão ao plenário.
Ou, por outra: como o voto no conselho também é aberto, o travamento pode se dar nas Mesas Diretoras da Câmara ou do Senado.
As bancadas dos partidos também se esforçarão para impedir que seus deputados e senadores sejam alvos de processos de cassação. É uma forma de o Congresso se proteger sem abrir mão do corporativismo.
Militância. A se aceitar a versão do governo de que os críticos à condução do País se dividem entre pessimistas e oposicionistas, fica a dúvida sobre a posição do banco central americano.
Se enquadrado na categoria dos pessimistas, não fica claro qual o interesse do negativismo. Classificados no grupo dos eleitoralmente engajados, ficam abertas as apostas sobre o número de eleitores dispostos a votar sob orientação de Mrs. Janet Yellen, presidente do Federal Reserve.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Dica cultural: filme A IMAGEM QUE FALTA


Filme: A IMAGEM QUE FALTA
Direção: Rithy Panh


Aos cinéfilos e todos aqueles que valorizam a cultura, a história (e a liberdade!), estreia hoje (14/02/14), o documentário franco-cambojano A IMAGEM QUE FALTA, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Baseada em fatos verídicos, a obra recria o ambiente do Camboja no final da década de 1970, com a ascensão ao poder do Khmer Vermelho. O regime comunista massacrou dois milhões de cidadãos em execuções políticas, fome, maus-tratos e trabalhos forçados. Seria ótimo que todos os integrantes da "esquerda caviar" também assistissem, para ver se tomam consciência da realidade provocada por regimes totalitários vermelhos. Em São Paulo, está em cartaz no cinema Itaú do Shopping Bourbon Pompeia - Rua Turiassu, 2.100.

Críticas AdoroCinema A Imagem que Falta
5,0
História revisitada
De Lucas Salgado
Filmes como A Imagem que Falta mostram toda a força que o cinema pode ter. Mais do que contar uma história, a sétima arte serve também para resgatar e armazenar uma história. A tomada do Camboja pelo Khmer Vermelho resultou num genocídio que vitimou aproximadamente dois milhões de pessoas. São poucos os registros e, diante disso, o documentarista Rithy Panh, que tinha 13 anos quando Pol Pot tomou o poder, utilizou de uma forma bastante inusitada para contar o que seu país viveu.

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-220804/

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Protestos por liberdade na Venezuela

Carros foram incendiados durante protesto (Foto: Leo Ramirez/AFP)


Enquanto no Brasil sob o jugo do PT os protestos contra o governo ocorrem contra a corrupção e mal uso dos recursos públicos, na Venezuela, um país deteriorado pelo regime socialista e consequente opressão aos direitos individuais e desestabilização econômica, os protestos questionam o governo de Nicolás Maduro e pedem liberdade. Jornalistas foram duramente reprimidos e impedidos de mostrar as manifestações.


Dois jornalistas são presos e canal de TV é tirado do ar em ato na Venezuela

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,dois-jornalistas-sao-presos-e-canal-de-tv-e-tirado-do-ar-em-ato-na-venezuela,1129906,0.htm


Equipes de agência de notícias internacionais foram roubadas durante cobertura em Caracas


CARACAS - Ao menos dois jornalistas foram presos e um canal colombiano de notícias foi tirado por ar na televisão a cabo ontem durante os protestos contra o governo na Venezuela. Os  detidos são o fotógrafo Rafael Hernández, da revista Exceso e o blogueiro Ángel Matute. O canal de notícias colombiano NTN24, que vinha fazendo uma ampla cobertura dos protestos, teve o sinal cortado em duas provedoras de TV a cabo.
Em outro incidente com veículos de comunicação, uma equipe de jornalistas da agênciaFrance Presse teve a câmera de vídeo roubada. Segundo a agência, nela havia imagens da repressão policial aos manifestantes. Uma câmera de um fotógrafo da Associated Presstambém foi roubada por manifestantes chavistas."Vocês tinham de saber ao que estavam se expondo quando vieram aqui", disse um policial que não se identificou.
As provedoras Directv e Movistar TV cortaram o sinal do canal, que transmitia ao vivo os protestos pouco depois de o presidente do Conselho Nacional de Telecomunicações (Conatel) William Castillo ter criticado em sua conta no Twitter a imprensa internacional.
"Fazemos um pedido aos meios internacionais que respeitem o povo venezuelano. Promover a violência e o desconhecimento das autoridades é crime", escreveu.
Nunca pensei que anos depois, trabalhando fora do meu país, também teria de narrar uma queda de sinal", disse a jornalista venezuelana Idania Chirinos, que trabalhou na RCTV, cuja concessão não foi renovada pelo então presidente Hugo Chávez em 2007, e hoje é âncora do canal colombiano. "Não fizemos outra coisa que não informar. Não podem negar a realidade apenas cortando o sinal de um canal."
Prisões. Segundo Marco Ruiz, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol), o fotógrafo da revista Exceso foi preso e levado para um quartel da polícia enquanto cobria a manifestação de quarta-feira.  Matute também foi detido e levado para auma sede regional da Guarda Bolivariana.
"Medidas como essa buscam aprofundar a autocensura, afeando a liberdade de expressão dos venezuelanos", disse o líder sindical.
No final da noite, manifestantes antichavistas atacaram a sede da TV estatal VTV. "Os bombeiros tiveram de apagar as chamas no local", informou a Agência Venezuelana de Notícias. / AP

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Brasil, entre dúvidas e quimeras


Monica Baumgarten de Bolle *

Fonte: Época Negócios

Por que falhou estrepitosamente a ideia de deixar a inflação subir só um pouquinho para estimular o crescimento?

Uma quimera, oscilando no vazio, pode comer segundas intenções?” O gracejo é de Rabelais, mas cai como uma luva para resumir as dúvidas que cercam a economia brasileira. Procurem no dicionário e verão que quimera não é só um monstro mítico, a mistura excessivamente heterogênea de três animais. A quimera, segundo o verbete do Houaiss, é o “sonho”, a “fantasia”, o “devaneio”, a “falsa ideia”. Eis, portanto, que a falsa ideia de deixar a inflação subir um pouquinho para que se possa gerar mais crescimento, esse devaneio que marcou as políticas do governo nos últimos anos, é uma quimera que oscila no vazio, engolindo qualquer segunda intenção que se possa ter para o desempenho da economia brasileira.

Nos últimos anos, a inflação ficou perigosamente próxima do teto da meta, de 6,5%, chegando a ultrapassá-lo em algumas ocasiões. O crescimento, por sua vez, minguou. É verdade que o período recente não foi nada fácil para os gestores da política econômica no Brasil e no mundo. A crise externa e a perda de referências para as políticas monetária e fiscal – os “afrouxamentos quantitativos” nos países desenvolvidos, a necessidade de adotar uma postura fiscal despudoradamente expansionista para evitar uma recessão mais profunda – dificultaram a gestão econômica brasileira. Contudo, esse quadro permitiu que algumas ousadias oportunistas, que algumas quimeras, fossem testadas. O sonho de reduzir os juros sem o compromisso de controlar as despesas do governo, por exemplo. A fantasia de eliminar a fama de país com os juros mais altos do mundo, enquanto se introduzia a versão tropical do afrouxamento quantitativo: a farra do crédito público, promovida pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal. As tentativas de explicar por que a inflação, afinal, não só podia, como devia, ficar um pouco mais alta para propelir o crescimento.

O raciocínio era mais ou menos assim: é preciso aumentar a capacidade de consumo da economia brasileira facilitando o crédito, inclusive por meio da redução dos juros. Afinal, se as pessoas consumirem mais, as empresas terão de investir mais para atender a essa demanda. Em um primeiro momento, a estratégia resulta numa inflação mais alta. Todavia, quando o investimento se materializa, a inflação cai, pois há mais oferta, e o crescimento vem, porque há mais de tudo – consumo e investimento.
O raciocínio falhou estrepitosamente. O consumo veio, mas o câmbio mais valorizado, resultado tanto dos desequilíbrios externos quanto dos desarranjos domésticos, incentivou as pessoas a comprarem produtos mais baratos lá fora. Portanto, as empresas brasileiras, oneradas pelos tributos elevados e pelos salários salgados, perderam capacidade de investir, além de não terem sido beneficiadas pela promessa do consumo, que vazou para além das nossas fronteiras. Quando o investimento engasgou, o governo se assustou. Lançou mão de diversas medidas para recuperá-lo, mas, sem uma estratégia clara e um discurso coerente, não conseguiu reverter o pessimismo caudaloso. Enquanto o investimento empacava e o governo agia com desonerações setoriais e uma série de outras políticas pontuais, o quadro fiscal piorava. A deterioração das contas públicas pariu a quimera da contabilidade criativa, essa que corroeu o que restava de credibilidade ao governo. Deu-se o círculo vicioso de pessimismo e de discursos disparatados.

Enquanto isso, as políticas desgovernadas alimentavam a inflação. A própria inflação alimentava a si, já que os mecanismos de indexação informais são implacáveis. A regra de reajuste do salário mínimo, essa que o corrige pela variação do PIB de dois anos atrás e pela inflação do ano anterior, também deu a sua contribuição. Quando tudo ficou complicado demais, caro demais, perigoso demais, o governo interferiu. Não mudando os rumos das políticas, isso não. O governo seguiu outro caminho, o das interferências diretas no processo de formação de preços, não só dos combustíveis, mas das tarifas de energia elétrica e de transporte. A inflação não cedeu, as expectativas pioraram e tudo ficou ainda mais difícil.
E agora, faz-se o que com essa mistura de leão, cabra e serpente que é a economia brasileira, esse bicho que ninguém consegue imaginar? Aprumar as políticas é um começo. O Banco Central já está fazendo isso. Urge que o Ministério da Fazenda o acompanhe. Caso contrário, corremos o sério risco de continuar oscilando no vazio. E de virar um verbete indigesto de dicionário.


Macroeconomista, sócia-diretora da Galanto Consultoria e diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica - Casa das Garças (IEPE/CdG), além de professora do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Chefiou a área de Pesquisa Macroeconômica Internacional do Banco BBM de 2005 a 2006. Foi economista do Fundo Monetário Internacional em Washington, D.C. entre 2000 e 2005, tendo participado da reestruturação da dívida soberana do Uruguai e escrito diversas notas técnicas sobre o tema. É Ph.D. em Economia pela London School of Economics, com especialização em crises financeiras.

Dilma Red Block



Dilma Red Block decide entrar no clima palanqueiro, rebaixa um pouco mais o decoro e chama oposição de “cara de pau”

por Reinaldo Azevedo

1/02/2014 às 7:33


A presidente Dilma Rousseff participou nesta segunda da festa de aniversário dos 34 anos de criação do PT. Discursou. Também falaram Alexandre Padilha, pré-candidato do partido ao governo de São Paulo, e Rui Falcão, presidente do partido. Decoro foi matéria escassa.
Afirmou a presidente:
“Eles têm a cara de pau de dizer que o ciclo do PT acabou, que nós demos o que tínhamos de dar. São os mesmos que diziam que haveria uma debandada de empresários com a eleição do ex-presidente Lula e que, a cada crise, dizem que o Brasil vai afundar. O fim do mundo chegou, sim, mas chegou para eles.”

Ai, ai… Eu até acho que existe certa tensão injustificada em alguns setores, mas quem é que está dizendo que o Brasil vai afundar? Ninguém! Debandada de empresários? Santo Deus! Dilma está voltando a uma frase que Mário Amato, então presidente da Fiesp, disse em… 1989 — há um quarto de século: “Se Lula ganhar a eleição, 800 mil empresários deixarão o Brasil!”.

E que se note: se Lula tivesse realmente vencido naquele ano, dadas as porcarias que pensava, o cenário antevisto por Amato não era implausível. Aliás, o próprio Apedeuta admitiu que não estava preparado para governar. Mas isso não é o mais engraçado: hoje, a Fiesp, a quem Dilma alude, é aliada do PT — e Paulo Skaf é uma das pessoas com quem os petistas contam para ajudar a derrotar Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. Não só isso: Collor, que derrotou Lula naquela ocasião, é hoje um fiel aliado do petismo.

Então, Dona Dilma, não são os mesmos coisa nenhuma! Aqueles “mesmos”, hoje, estão com o PT.

Cara de pau?
Já lhes contei a história do nhenhenhém de FHC, que deu pano pra manga. Quem ler o texto vai saber por que, de algum modo, participei da origem da coisa no que diz respeito ao efeito jornalístico. Criticando seus adversários, o então presidente tucano afirmou que eles ficavam com “nhenhenhém”. O mundo veio abaixo. Foi um deus nos acuda. Ele seria arrogante; não respeitaria a oposição; julgava-se o dono do mundo etc. e tal.

Em 2010, delicado como de hábito, o então presidente Lula referiu-se ao presidente do principal partido de oposição como… “babaca”. Isto mesmo: “babaca”! Quase todo mundo achou muito normal. Não houve gritaria. Nesta segunda, na cerimônia do PT, Dilma decidiu emular com o seu antecessor e, como vocês leem acima, chamou o oposição de “cara de pau”.

Falcão
Num ambiente em que se falta com o decoro, Rui Falcão jamais fica para trás. Ele resolveu partir mesmo para a baixaria. Reproduzo trecho de reportagem do Estadão (em vermelho):
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez as críticas mais duras aos prováveis adversários da presidente na eleição deste ano. Sem citar nomes, Falcão criou dois termos para se referir a eles: “neopassadista” e o “novovelhista”. Segundo pessoas próximas a Falcão, o discurso se refere ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a Eduardo Campos. Em seu discurso, disse que os dois são “partes do mesmo corpo”. “O neopassadismo e o novovelhismo parecem farinha do mesmo saco. Assemelham-se em quase tudo”, afirmou o presidente do PT.
Em seu ataque mais pesado, sugeriu que os adversários de Dilma fecharam os olhos para as denúncias de corrupção no Metrô e na CPTM durante os governos tucanos em São Paulo e para o episódio da apreensão de cocaína no helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG). “O algo ‘novo’ é fechar os olhos, e, quem sabe até, esquecer-se de tapar o nariz, para carregamentos exóticos em helicópteros?”, disse.

Volto
O caso foi investigado pela Polícia Federal, cuja chefe, em último caso, é Dilma, ali presente. Tentar ligar as oposições a tráfico de drogas vai muito além do chute na canela. Desde 2002, essa pode ser a disputa mais difícil para o PT porque o ambiente social e político nunca se mostrou tão instável. Eles estão deixando claro que o jogo vai ser pesado e que não têm mesmo limites.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

A oposição parece acordar








A oposição parece acordar

08 de fevereiro de 2014
Fonte: O Estado de S.Paulo. p.A3

Antes tarde do que nunca, a oposição dá sinais de que começa a despertar da profunda letargia em que esteve mergulhada nos últimos anos, desde que o PT assumiu o poder. Exímio manipulador das massas com a sedução de seu populismo despudorado, durante os oito anos de mandato presidencial Lula conquistou índices estratosféricos de aprovação popular e, vendendo a falácia de uma "herança maldita", deu um nó na oposição. Esta não teve competência, nem disposição, para impedir a reeleição de 2006, apesar da eclosão, em 2005, do escândalo do mensalão. Daí para a frente o lulopetismo se firmou no poder. Deu-se ao requinte de impor um poste para sua sucessão. A patranha de que sua candidata era uma gerente competente, somada a seu prestígio, foi bastante para eleger Dilma, mas não para esconder, depois, o fracasso administrativo que é este governo.

O Brasil de hoje não é o mesmo de três anos atrás. Dilma Rousseff não tem nem de longe o carisma de seu antecessor - embora desfrute de grande popularidade - e enfrenta enormes dificuldades para administrar o insaciável apetite do PT pelo poder e a ganância por vantagens de uma base aliada tão ampla quanto infiel. O que existe hoje é um desgoverno escandalosamente alicerçado sobre o fisiologismo, a preocupação eleitoreira com as aparências e, de quebra, um anacrônico dogmatismo ideológico. Aí estão, para comprová-lo, os indicadores econômicos persistentemente insatisfatórios; a incapacidade de cumprir orçamentos e prazos até nos projetos prioritários do PAC; a ameaça de um vexame internacional que tem deixado a Fifa de cabelos em pé com as obras para a Copa do Mundo; e, sobretudo, a crescente insatisfação difusa dos brasileiros com "tudo isso que está aí" transbordando para as ruas desde junho do ano passado.

Isso tudo até a oposição já está conseguindo enxergar.

O teor das declarações feitas nas últimas semanas pelos principais pré-candidatos a enfrentar Dilma Rousseff nas urnas de outubro parece indicar que as lideranças oposicionistas finalmente estão dispostas a deixar seu berço esplêndido e assumir postura mais contundente diante do desgoverno que aí está, deixando de se comportar "quase como se pedissem desculpas ao País por se opor a Lula e ao PT", como observou Dora Kramer em sua coluna (5/2).

Aécio Neves, pré-candidato do PSDB: "Sob o pretexto das festas de fim de ano, a presidente volta à TV para fazer autoelogio e campanha eleitoral (...). Apenas como exemplo, na ilha da fantasia a que a presidente nos levou mais uma vez, a qualidade do ensino tem melhorado e a criação de creches é comemorada. Enquanto isso, no Brasil real, os resultados dos testes internacionais demonstram o contrário". E ainda, já em janeiro: "Em relação aos leilões do Galeão e do Aeroporto Tancredo Neves, em Confins (MG), a grande constatação é de que, quando o PT acompanha a agenda proposta pelo PSDB, o PT acerta. O lamentável é que essas concessões venham com dez anos de atraso".

Ainda em novembro, preenchendo uma lacuna que chamara a atenção já no pleito presidencial de 2002, o senador mineiro havia deixado claro que Lula também está na mira da oposição tucana: "O presidente Lula tem que parar de brigar com a história. Se não houvesse o governo do Fernando Henrique, com a estabilidade econômica, com a modernização da economia, não teria havido sequer o governo do presidente Lula".


Por sua vez, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, ex-ministro de Lula, pré-candidato do PSB, também foi incisivo ao apresentar o seu programa de governo: "O País saiu dos trilhos (...) esse pacto social novo que está no seio da sociedade brasileira não tolera mais esse velho pacto político que mofou e que não vai dar nada de novo e de bom ao povo brasileiro. Não há nesse país, em nenhum recanto onde possamos andar, ninguém que ache que mais quatro anos do que está aí vai fazer bem ao povo brasileiro". E ainda: "Não há política social que faça efeito sem desenvolvimento. É o que estamos vendo agora: crescimento do analfabetismo, emprego perdendo qualidade, País perdendo competitividade. Vamos legar o quê para as futuras gerações?".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Esmola com o bolso do contribuinte brasileiro


Governo Dilma libera 60 milhões para que Evo possa enfrentar o déficit energético na Bolívia

                                  Depois de Cuba, agora a Bolívia

Governo Dilma libera 60 milhões para que Evo possa enfrentar o déficit energético na Bolívia

Fonte: http://www.alvarodias.com.br/2014/02/governo-libera-60-milhoes-para-que-evo-possa-enfrentar-o-deficit-energetico-na-bolivia/


O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (5) a retirada de pauta da Medida Provisória 625/13, que concede crédito de R$ 60 milhões ao Ministério de Minas e Energia para o conserto de equipamentos de geração de energia para doação à Bolívia. Os líderes do governo concordaram com a retirada de pauta, o que, na prática, significa que a medida perderá validade, mas tomaram essa decisão apenas porque o dinheiro já foi disponibilizado, pelo fato de a MP conceder autorização imediata e ter força de lei.

Pela medida provisória, o governo Dilma liberou R$ 60 milhões do Orçamento para contratar, sem licitação, uma estatal para prestar serviços de recuperação e transporte de equipamentos de geração de energia elétrica. Os equipamentos serão cedidos à Bolívia, em um programa de cooperação energética entre os dois países. O Palácio do Planalto alega que o governo de Evo Morales pediu ajuda ao Brasil para enfrentar o déficit energético do País, que enfrenta racionamento de eletricidade. Os equipamentos serão retirados da Usina Termelétrica Rio Madeira, localizada em Rondônia, cujo maquinário estaria sem utilização.


A medida provisória gerou protestos no Plenário da Câmara. Vários deputados federais criticaram o fato de o Brasil estar cedendo milhões para ajudar a Bolívia a enfrentar seu déficit energético, enquanto aqui a população sofre com apagões quase diários nas capitais e no interior. Alguns parlamentares afirmaram peremptoriamente que “a votação é um faz de conta, porque essa medida provisória vai caducar, e o dinheiro já foi disponibilizado, porque a medida provisória dá autorização imediata. E o pior de tudo: o Brasil vai entregar para a Bolívia a termoelétrica do Rio Madeira, que está sem utilização e precisa de reforma, e vai gastar esse dinheiro para reformá-la para dá-la a Evo Morales enquanto estamos com problemas aqui”. Os deputados também disseram que “Evo Morales recentemente aumentou o preço do fornecimento de gás para o Brasil, e nós ainda vamos dar a termoelétrica para eles?”.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sobre a violência privada nas ruas do Rio


Sobre a violência privada nas ruas do Rio
Por Bernardo Santoro em 05/02/2014
Fonte: http://www.institutoliberal.org.br/blog/sobre-violencia-privada-nas-ruas-rio/

Tivemos vários notícias, ao longo dessa semana, sobre jovens organizados buscando fazer “justiça” com ataques a praticantes de crimes ou minorias raciais e sociais. Como sempre, vemos a esquerda rasa defendendo bandidos sem nenhum pudor, e vemos a direita defendendo justiceiros sem maiores reflexões. Vamos tentar aqui fazer uma análise do tema.
Um dos principais objetivos do sistema jurídico é a promoção da segurança. E essa ideia de segurança não é só contra a violência física não, é uma ideia de segurança em sentido lato, incluída a ideia de que a Lei deve ser justa, isonômica e eficaz.

Mas a Lei, e isso deve ser deixado claro, nunca trouxe uma exigência de exclusividade de promoção da segurança pelo Estado. É dever do cidadão se defender de maneira privada, e aqui cabe um destaque, com proporcionalidade.
Apenas à guisa de exemplo, cidadãos comuns podem, no Brasil, praticar legitima defesa em causa própria e perante terceiros. Cidadãos comuns tem até mesmo direito a dar voz de prisão se testemunharem um crime.

Essa necessidade do cidadãos terem o poder de praticar tais atos vem da mesma lógica pela qual o mercado costuma ser superior ao Estado: assim como as informações das necessidades sociais são dispersas, o que faz com que agentes econômicos descentralizados do mercado (empreendedores) sejam mais eficientes na prestação de bens e serviços que agentes econômicos centralizadores (burocratas), também a ocorrência de atos criminosos se dá de forma dispersa, o que faz com que agentes protetores descentralizados sejam mais eficientes na prestação de segurança que agentes protetores centralizados.

E não estou aqui dizendo que a Polícia centralizada não é importante, estou dizendo apenas que ela não é suficiente, dada a sua própria lógica organizacional.
O problema é que, assim como na economia se exige que os empreendedores tenham algum nível de treinamento no que fazem para que sejam eficientes, também na promoção descentralizada de segurança seria necessário algum nível de treinamento. No entanto, é política de Estado hoje que o treinamento de situações de combate se dê de maneira quase exclusiva para agentes públicos, e o cidadão comum, que poderia ter acesso a porte de arma, treinamento de uso e ensinamento de ética (focando na ideia de que o uso tem de ser parcimonioso e proporcional), acaba não tendo essa opção, e frente a inaptidão do sistema central de proteção policial e da escalada da violência, termina por exagerar na reação e usar de meios desproporcionais de proteção (como foi o bizarro caso de se prender um jovem assaltante pelo pescoço e pelado, inaceitável em qualquer ambiente de Estado de Direito).

O resultado desse arranjo é uma polícia excessivamente exigida (o que gera estresse e violência desproporcional), uma população destreinada e acuada e uma bandidagem que é ao mesmo tempo livre para praticar crimes sem maiores incômodos, mas que, em casos isolados em que são pegos, são tratados de forma desumana, seja via institucional ou popular.

Precisamos refletir sobre uma nova política criminal, que extingua os “crimes sem vítima” e o excesso de recursos processuais, que estimule a segurança descentralizada, que reforce a polícia centralizada e garanta direitos humanos a criminosos, por piores que eles sejam. Infelizmente, os bitolados de todos os lados do espectro político dificultam ao máximo a elaboração de tais políticas públicas.