quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

O falso cognato e a arrogância dos “ungidos”

 

O falso cognato e a arrogância dos “ungidos”

 

Marco Milani

 

Ao estudar um novo idioma, o aprendiz enfrenta situações que podem gerar confusões semânticas, principalmente quando algumas palavras estrangeiras são escritas de maneira muito semelhante àquelas existentes em sua língua nativa, porém possuem significados diferentes e até antagônicos. Tais são os chamados falsos cognatos.

Em inglês, dentre muitos exemplos, tem-se que: parents significa pais (e não “parentes”), fabric significa tecido (e não “fábrica”) e lecture significa palestra (e não “leitura”).

Um falso cognato não muito citado é condescendent. Em português, “condescendente” é utilizado para alguém tolerante, flexível e complacente. Em inglês, todavia, condescendent aplica-se para alguém que age com arrogância, presunção e prepotência.

E o que falsos cognatos têm a ver com os ungidos, conforme relacionado no título deste texto?

O economista Thomas Sowell, em seu instigante livro The vision of the anointed: self-congratulation as a basis for social policy (lançado no Brasil pela LVM Editora com o título “Os Ungidos: A fantasia das políticas sociais dos progressistas”) caracteriza aqueles que podemos denominar de ungidos (anointed), os quais possuem a presunção de superioridade moral e apresentam uma peculiar visão da realidade, calcada em utopias coletivistas desconectadas dos fatos, mas que direcionam a formulação de várias políticas públicas equivocadas. A mentalidade dos ungidos centra-se na suposição de que as ações prescritas por eles (seres virtuosos e sábios) para a sociedade deveriam ser implementadas como único caminho para se promover a justiça e igualdade entre todos. As vozes dissonantes, que ousam discordar dos ungidos, são apontadas como retrógradas, antidemocráticas e passíveis de serem caladas em nome de um suposto bem comum.

Sowell demonstra com dados estatísticos como fracassadas políticas sociais “progressistas” foram elaboradas nos EUA desde a década de 1960 sob a influência arrogante (condescendent) de uma autoproclamada elite moral, repleta de boas intenções, mas que paradoxalmente agravou os problemas que se desejavam resolver, gerando crises na área educacional, segurança pública e até na estrutura familiar.

Em síntese, os ungidos se acham condescendentes e plenos de virtudes, mas não passam de limitados e iludidos condescendents. 




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