Suely Campos (PP) tomou posse no dia 1º de janeiro
Governadora de RR dá cargos a 19 parentes, que
custarão R$ 398 mil por mês
Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), nomeou
19 parentes para secretarias do Estado, dentre eles suas próprias filhas e uma
irmã, com salários que, somados, custarão R$ 398 mil por mês aos cofres
públicos.
O MP-RR (Ministério Público do Estado de Roraima)
pediu que os parentes indicados pela governadora sejam exonerados.
Segundo a edição de 1º de janeiro de 2015 do Diário
Oficial da Assembleia Legislativa de Roraima, Suely nomeou as filhas Danielle
Araújo e Emília Santos para a Casa Civil e para a Setrabes (Secretaria Estadual
de Trabalho e Bem-Estar Social), respectivamente.
Para a pasta da Seed (Secretaria Estadual de
Educação), a irmã Selma Mulinari será a titular, e para o cargo de secretário
adjunto da Seapa (Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento), o irmão João Paulo de Souza e Silva foi o indicado.
As nomeações de parentes não param por ai. Cinco
sobrinhos do marido da governadora, Neudo Campos, foram nomeados para cargos no governo.
Anderson Campos foi nomeado secretário adjunto da
Seinf (Secretaria de Infraestrutura); Júlia Vieira Campos responde pela
reitoria da Univirr (Universidade
Virtual de Roraima); Kalil Linhares, e o irmão dele, Paulo Linhares, foram
nomeados secretário e adjunto da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde), e e
Frederico Linhares assumiu a Secretaria da Gestão Estratégica e Administração.
Josué dos Santos Filho, sogro da filha da
governadora, Emília Santos, é o novo responsável da Sejuc (Secretaria Estadual
de Justiça e Cidadania). A mulher de Josué, Graciela Ziebert, foi nomeada
secretária adjunta da Educação. Um dos filhos do casal, Hugo Leonardo Santos,
foi nomeado ouvidor geral do Estado e a mulher de Hugo, Isaberla Dias, será a
controladora geral do Estado.
Parentes da outra filha da governadora, Daniele
Araújo, também fazem parte do primeiro escalão de governo. O concunhado do
marido de Daniele, José Alcione Almeida Júnior, é adjunto da Secult (Secretaria
de Estado da Cultura).
Hipérion de Oliveira, titular da secretaria de
Agricultura, Weberson Reis Pessoa, titular da Aferr (Agência de Fomento de
Roraima), e Juscelino Kubischeck, presidente do Detran (Departamento Estadual
de Trânsito), são primos da governadora.
Outros parentes distantes também foram agraciados
com cargos no governo, como Francisco Santiago, nomeado presidente do Iteraima
(Instituto de Terras de Roraima), que é marido de uma prima da governadora
Suely.
Ainda foram nomeados João Paulo de Souza e Silva,
adjunto da secretaria de Agricultura, irmão de Suely Campos, e Lissandra Lima
Campos, mulher de Guilherme Campos, filho da governadora.
MP-RR recomenda exoneração dos parentes da
governadora
O MP-RR recomendou que a governadora exonere os ocupantes
dos cargos comissionados que tenham parentesco com ela.
Os promotores Luiz Antonio Araújo de Souza e Ricardo
Fontanella informaram que estão analisando as nomeações. Em nota, eles
afirmaram que "são princípios norteadores da administração pública a legalidade,
a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência".
Segundo a recomendação do MP-RR, "não resta
dúvida que a nomeação dos secretários decorrentes do liame familiar ofende os
preceitos constitucionais da moralidade, razoabilidade e eficiência decorrentes
do artigo 37 da Constituição Federal".
"A prática do nepotismo é contrária aos
princípios da moralidade, da impessoalidade, da isonomia e da eficiência, sendo
vedada sua prática em todos os Poderes constituídos no Brasil", afirmaram
os promotores.
O UOL tentou contato com o governo do Estado de
Roraima por meio de sua secretaria de Comunicação, mas não obteve resposta até
a publicação desta reportagem.
Assembleia Legislativa não se pronunciará; OAB-RR
diz que está "atenta"
A Assembleia Legislativa informou por meio de nota
que não vai se pronunciar sobre o assunto. Para o presidente Jalser Renier
(PSDC), é "cedo para fazer quaisquer avaliações".
A OAB-RR (Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima)
informou que está atenta as nomeações, mas que não vê neste primeiro momento
nenhuma ilegalidade.
O presidente da entidade, Jorge Fraxe, destacou que
os cargos são de ordem política e a lei dá base para este tipo de nomeação.
"Estamos analisando todos os cargos e faremos
os cruzamentos de dados com nomeados do primeiro, segundo e terceiro
escalões", disse.
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