Eleições, ideais e
posturas
Marco Milani
Neste
período eleitoral, inflamam-se os debates sobre qualidades e defeitos dos
postulantes ao mais alto cargo de direção nacional. Somam-se aos critérios de
escolha ponderações racionais e variáveis emocionais que, volta e meia, constroem
cenários que só têm sentido aos seus próprios criadores. Acusações e defesas apaixonadas
são entoadas em reuniões familiares, em um grupo de amigos e nos meios de
comunicação, com especial destaque nas redes sociais, onde manifestam-se
especialistas instantâneos em política, direito, filosofia, economia e
sociologia. Ainda que não dominem os conceitos e seus conteúdos, os novos
especialistas justificam os motivos pelos quais este ou aquele candidato é o
mais adequado ou inadequado. É o exercício da cidadania e faz parte do
amadurecimento democrático da sociedade. Amadurecimento que, por sua vez, não
ocorre pontualmente de uma eleição para outra, mas é um processo contínuo de
compreensão e discussão sobre a complexidade das relações entre os indivíduos e,
necessariamente, sobre a organização e administração da sociedade.
O
grau de maturidade política de cada cidadão segue ritmo distinto, conforme seus
próprios interesses e sua capacidade de compreensão e posicionamento crítico do
contexto em que se encontra.
Um
aspecto que demonstra a pouca maturidade, entretanto, é a defesa cega baseada
em argumentação falsa, em factoides e notícias criadas propositalmente para
destruir a reputação do adversário ou confundir o eleitor. Quem divulga
falsidades não merece crédito nem respeito. Lamentavelmente, também verifica-se
no Brasil a postura truculenta de militantes que tentam impor a sua ideologia
partidária ao invés de convencer e persuadir por fatos e propostas. A militância
de partidos formatados por ideais de ódio e violência expõe, invariavelmente, a
intolerância como norma de conduta e não se importa com a veracidade dos argumentos, desde que seja para atacar os "inimigos".
O discurso belicoso e maniqueísta no qual se
fomenta a luta de classes e incentiva-se a divisão da população entre bons e
maus, opressores e oprimidos, nós e eles, tem o efeito de desagregação e
desunião. Geralmente, tais grupos escondem-se no discurso da igualdade e
justiça, mas tratam de maneira desigual, injusta e querem calar à força aqueles
que não pensam ou abraçam os mesmos objetivos e interesses.
A
postura democrática exige o respeito e a convivência entre diferentes. Aqueles
que querem impor as concepções particulares de justiça e de igualdade
eliminando os adversários agem de maneira contraditória, pregando a violência e
o fanatismo.
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