domingo, 19 de outubro de 2014

Eleições, ideais e posturas


Eleições, ideais e posturas

Marco Milani

Neste período eleitoral, inflamam-se os debates sobre qualidades e defeitos dos postulantes ao mais alto cargo de direção nacional. Somam-se aos critérios de escolha ponderações racionais e variáveis emocionais que, volta e meia, constroem cenários que só têm sentido aos seus próprios criadores. Acusações e defesas apaixonadas são entoadas em reuniões familiares, em um grupo de amigos e nos meios de comunicação, com especial destaque nas redes sociais, onde manifestam-se especialistas instantâneos em política, direito, filosofia, economia e sociologia. Ainda que não dominem os conceitos e seus conteúdos, os novos especialistas justificam os motivos pelos quais este ou aquele candidato é o mais adequado ou inadequado. É o exercício da cidadania e faz parte do amadurecimento democrático da sociedade. Amadurecimento que, por sua vez, não ocorre pontualmente de uma eleição para outra, mas é um processo contínuo de compreensão e discussão sobre a complexidade das relações entre os indivíduos e, necessariamente, sobre a organização e administração da sociedade.
O grau de maturidade política de cada cidadão segue ritmo distinto, conforme seus próprios interesses e sua capacidade de compreensão e posicionamento crítico do contexto em que se encontra.
Um aspecto que demonstra a pouca maturidade, entretanto, é a defesa cega baseada em argumentação falsa, em factoides e notícias criadas propositalmente para destruir a reputação do adversário ou confundir o eleitor. Quem divulga falsidades não merece crédito nem respeito. Lamentavelmente, também verifica-se no Brasil a postura truculenta de militantes que tentam impor a sua ideologia partidária ao invés de convencer e persuadir por fatos e propostas. A militância de partidos formatados por ideais de ódio e violência expõe, invariavelmente, a intolerância como norma de conduta e não se importa com a veracidade dos argumentos, desde que seja para atacar os "inimigos".
 O discurso belicoso e maniqueísta no qual se fomenta a luta de classes e incentiva-se a divisão da população entre bons e maus, opressores e oprimidos, nós e eles, tem o efeito de desagregação e desunião. Geralmente, tais grupos escondem-se no discurso da igualdade e justiça, mas tratam de maneira desigual, injusta e querem calar à força aqueles que não pensam ou abraçam os mesmos objetivos e interesses.
A postura democrática exige o respeito e a convivência entre diferentes. Aqueles que querem impor as concepções particulares de justiça e de igualdade eliminando os adversários agem de maneira contraditória, pregando a violência e o fanatismo.

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