sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Compreendendo O Capital no Século XXI de Thomas Piketty, por Michael Munger

 

Clique AQUI para acessar o texto de Munger

    Publicado em jan/2025, o
 interessante texto de Michael Munger resgata diversas críticas (justificadas) ao diagnóstico e solução para a desigualdade social propostos pelo escritor progressista Thomas Piketty em seu livro publicado em 2013, "O capital no século XXI". 

    A obra de Piketty teve uma enorme visibilidade na ocasião porque os esquerdistas acharam que se trataria de um verdadeiro libelo contra os ricos do mundo, os malvadões do universo. Entretanto, desde o seu lançamento, inúmeras críticas de vários economistas desbancaram a obra. Alguns desses foram D.McCloskey, L. Summers, D. Acemoglu, A. Deaton, G. Mankiw, M. Feldstein, P. Krusell, T. Smith e M. Rognlie. Até o Paul Kruger, que demonstrou grande simpatia no início, depois apontou falhas factuais. Enfim, o texto do Munger é uma contribuição a quem deseja estudar o assunto.

    A seguir, elenco os pincipais erros metodológicos e teóricos destacados por Munger e existentes no livro de Piketty, o qual acabou exagerando a desigualdade e propondo políticas que poderiam ter efeitos negativos.

1) Uso inadequado de dados sobre desigualdade

  • Piketty baseia-se em dados de declarações fiscais sem considerar impostos progressivos e transferências governamentais, subestimando a redistribuição de renda existente nos EUA.
  • Reformas fiscais (como a de 1986) alteraram a forma como a renda é relatada, criando a falsa impressão de que a desigualdade aumentou.

2) Capital não é homogêneo

  • Piketty assume que todo capital gera um retorno médio constante e superior à taxa de crescimento da economia.
  • Na realidade, diferentes tipos de capital (imóveis, maquinário, liquidez) têm riscos e retornos distintos, tornando inviável sua agregação em um único indicador.

3) O modelo ignora a depreciação do capital

  • O capital se desgasta e perde valor ao longo do tempo, e nem sempre há reinvestimento suficiente para manter o crescimento da riqueza dos mais ricos.
  • Fortunas muitas vezes se dissipam ao longo de gerações devido ao consumo excessivo e más decisões de investimento.

4) A crescente desigualdade de riqueza não é um fenômeno contínuo

  • Estudos mostram que 11% da população dos EUA já esteve no grupo do “1% mais rico” em algum momento entre os 25 e 60 anos, indicando alta mobilidade social.
  • A desigualdade pode parecer crescente, mas o grupo dos mais ricos não é estático.

5) A métrica de capital inclui imóveis urbanos, distorcendo os resultados

  • Grande parte do "capital" medido por Piketty está concentrado no valor dos imóveis, cujo crescimento de preços é impulsionado por regulamentações urbanas, não por retornos típicos do capitalismo.
  • Quando excluímos o componente imobiliário, a desigualdade de riqueza é muito menor do que Piketty sugere.

6) A teoria das “duas taxas” é um erro conceitual

  • A ideia de que o retorno do capital sempre supera o crescimento econômico ignora o fato de que capital e trabalho geralmente se complementam, em vez de competirem diretamente.
  • O argumento de que o capital substituirá totalmente o trabalho falha ao não considerar a dinâmica do mercado e os limites da automação.

7) Piketty ignora a destruição criativa do capitalismo

  • Empresas que investem mal ou não inovam perdem valor rapidamente, como exemplificado pela Sony com o Walkman, enquanto a Apple cresceu com o iPod.
  • O modelo de Piketty não leva em conta esse dinamismo, assumindo erroneamente que toda riqueza se perpetua indefinidamente.

8) Os dados de Piketty exageram a desigualdade real

  • Quando considerados impostos e transferências, a desigualdade real nos EUA não cresceu de forma tão acentuada.
  • O coeficiente de Gini dos EUA variou de 0,38 em 1963 para 0,40 em 2021, sem evidências de concentração extrema de riqueza.

9) O modelo de Piketty sugere políticas inviáveis e contraproducentes

  • Propostas como taxação confiscatória sobre riqueza podem desincentivar o investimento e prejudicar a inovação.
  • A experiência histórica mostra que sistemas mais igualitários, como o socialismo cubano ou norte-coreano, resultam em estagnação econômica.

 





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