O
falso cognato e a arrogância dos “ungidos”
Marco
Milani
Ao estudar um novo idioma, o aprendiz enfrenta situações que podem
gerar confusões semânticas, principalmente quando algumas palavras estrangeiras
são escritas de maneira muito semelhante àquelas existentes em sua língua
nativa, porém possuem significados diferentes e até antagônicos. Tais são os
chamados falsos cognatos.
Em inglês, dentre muitos exemplos, tem-se que: parents significa
pais (e não “parentes”), fabric significa tecido (e não “fábrica”) e lecture
significa palestra (e não “leitura”).
Um falso cognato não muito citado é condescendent. Em português,
“condescendente” é utilizado para alguém tolerante, flexível e complacente. Em
inglês, todavia, condescendent aplica-se para alguém que age com
arrogância, presunção e prepotência.
E o que falsos cognatos têm a ver com os ungidos, conforme relacionado
no título deste texto?
O economista Thomas Sowell, em seu instigante livro The vision of
the anointed: self-congratulation as a basis for social policy (lançado no
Brasil pela LVM Editora com o título “Os Ungidos: A fantasia das políticas
sociais dos progressistas”) caracteriza aqueles que podemos denominar de
ungidos (anointed), os quais possuem a presunção de superioridade moral
e apresentam uma peculiar visão da realidade, calcada em utopias coletivistas desconectadas
dos fatos, mas que direcionam a formulação de várias políticas públicas
equivocadas. A mentalidade dos ungidos centra-se na suposição de que as ações
prescritas por eles (seres virtuosos e sábios) para a sociedade deveriam ser implementadas
como único caminho para se promover a justiça e igualdade entre todos. As vozes
dissonantes, que ousam discordar dos ungidos, são apontadas como retrógradas, antidemocráticas
e passíveis de serem caladas em nome de um suposto bem comum.
Sowell demonstra com dados estatísticos como fracassadas políticas sociais
“progressistas” foram elaboradas nos EUA desde a década de 1960 sob a influência
arrogante (condescendent) de uma autoproclamada elite moral, repleta de
boas intenções, mas que paradoxalmente agravou os problemas que se desejavam
resolver, gerando crises na área educacional, segurança pública e até na estrutura
familiar.
Em síntese, os ungidos se acham condescendentes e plenos de virtudes,
mas não passam de limitados e iludidos condescendents.
Nenhum comentário:
Postar um comentário