'Intercâmbio deve ser recíproco',
diz ex-reitor da Universidade de Salamanca
Presidente de comitê que organiza
reunião de reitores elogia CsF e diz que Brasil precisa receber mais estudantes
O presidente do comitê
organizador do 3.º Encontro Internacional de Reitores Universia e ex-reitor da
Universidade de Salamanca, Don Ignacio Berdugo (foto), defende que o Brasil não
apenas exporte alunos como também traga estrangeiros para estudar no País. Em
entrevista ao Estado, Berdugo falou sobre intercâmbio e internacionalização das
universidades – temas que vão permear o encontro entre mil reitores de todo o
mundo que ocorrerá em julho, no Rio de Janeiro.
Qual é o maior desafio para a
internacionalização das universidades?
As universidades têm de responder
os desafios das sociedades. O debate mais importante hoje é a
internacionalização, a universalização do saber e do conhecimento. Não podemos
ter fronteira para isso. A internacionalização começa com o envio de
estudantes, mas passa também pelo compartilhamento do conhecimento nos centros
de pesquisas. Também requer respostas organizativas, como escritório que dê
respaldo para o aluno que migra. E envolve questões de mobilidade – um médico
brasileiro poder atuar em outro país, por exemplo, é a última consequência
dessa mobilidade. É um desafio que está no horizonte. Isso melhorou nos últimos
30 anos, ajudado por novas tecnologias que melhoraram a comunicação.
Como o senhor vê o programa
Ciência Sem Fronteiras, do governo brasileiro?
É um programa exemplar no mundo,
é uma aposta do governo na educação. O direito educativo não é algo que
interessa apenas às universidades ou aos universitários, mas também aos
governos. Para fazer algo de qualidade é preciso olhar para a internacionalização
e para a mobilidade. Há também condicionantes internas, supondo um esforço das
universidades e não apenas do governo. Há ainda a responsabilidade de que o
País também seja atrativo para que estudantes de outros lugares venham para cá.
Se o Brasil manda 100 mil estudantes brasileiros para fora, tem de receber
outros 100 mil. É preciso buscar a reciprocidade, para que a qualidade que
grande parte das instituições brasileiras têm seja exteriorizada.
O que a crise econômica mudou na
relação entre Brasil e Espanha?
Uma consequência clara da crise
econômica é o aumento da mobilidade profissional e de estudantes, que buscam
oportunidades fora do nosso país. Isso é bastante dramático, pois os melhores
profissionais passam a contribuir com desenvolvimento de outras nações.
O encontro de reitores que vai
discutir a internacionalização das universidades ocorre no Brasil neste ano.
Qual é o desafio comum e o que será discutido?
Teremos a possibilidade de
encontrar universidades de outros países e compartilhar experiência, práticas e
criar condições que possibilitem a internacionalização. O que nos une é a
história comum, raiz compartilhada. Esperamos 1,2 mil reitores no Rio, de
universidades particularmente selecionadas. Será diferente dos outros
encontros, em que se discutia o que pensam os reitores sobre si mesmos. Agora
haverá debates sobre o que a sociedade pensa sobre nós.
Há desafios parecidos para o
ensino superior aqui no Brasil e na Espanha?
Creio que são distintos. Há
coisas comuns, mas muitas diferenças. Na Espanha, a maior parte dos estudantes
está em universidades públicas, enquanto no Brasil a maior parte está em
particulares. O Brasil é um país com desafios claros na educação, que precisa
de mais universidades. É uma nação muito grande, portanto, os desafios são
maiores. Vocês não podem concentrar a educação apenas nas capitais dos Estados,
mas em todas as cidades do território. Na Espanha, um país pequeno, isso é mais
fácil.
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