4/02/2014 22h14 - Atualizado em 04/02/2014 22h30
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Médica cubana deixa Mais
Médicos e diz que pedirá asilo no Brasil
Nathalia Passarinho
Do G1, em Brasília
Ramona Matos Rodriguez se abrigou no gabinete do DEM
na Câmara.
Ela afirmou que ganha US$ 400 por mês para atuar em Pacajá (PA).
A médica cubana
Ramona Matos Rodriguez buscou abrigo nesta terça-feira (4) no gabinete da
liderança do DEM na Câmara dos Deputados depois de abandonar o programa Mais
Médicos, do governo federal. Ramona afirmou que pedirá asilo ao governo
brasileiro.
Ela contou que
"fugiu" no último sábado (1) de Pacajá, no Pará, onde atuava em um
posto de saúde, depois de descobrir que outros médicos estrangeiros contratados
para trabalhar no Brasil ganhavam R$ 10 mil por mês, enquanto os cubanos
recebem, segundo ela, recebem US$ 400 (cerca de R$ 965).
Segundo ela,
outros US$ 600 são depositados em uma conta em Cuba e liberados aos
profissionais depois do término do contrato no Brasil. Ramona disse que chegou
a Brasília no próprio sábado, mas não quis informar o local.
Ela contou que
pediu ajuda ao deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) para que pudesse ter a
segurança assegurada, mas não explicou como conhece o parlamentar, um dos mais
duros críticos do programa federal.
Eu penso que
fui enganada por Cuba [...] Eu até achei o salário bom, mas não sabia que o
custo de vida aqui no Brasil seria tão alto"
Ramona Matos Rodriguez
"Eu penso
que fui enganada por Cuba. Não disseram que era o Brasil estaria pagando R$ 10
mil reais pelo serviço dos médicos estrangeiros. Me informaram que seriam 400
dólares aqui e 600 pagos lá depois que terminasse o contrato. Eu até achei o
salário bom, mas não sabia que o custo de vida aqui no Brasil seria tão
alto", afirmou a cubana.
De acordo com
Ramona, o governo cubano também havia informado que os médicos poderiam trazer
familiares para o Brasil, o que, segundo ela, não ocorreu. “Tem gente tentando
trazer os parentes e não conseguem.”
A médica
relatou ainda que tinha permissão do governo cubano para visitar outras cidades
do Brasil, mas destacou que precisava avisar do deslocamento a um “supervisor
cubano”, que ficava em Belém.
Ramona afirmou
que chegou ao Brasil em dezembro e mostrou a jornalistas um contrato firmado
com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos,
empresa que teria intermediado a vinda da médica ao país.
No lançamento
do programa no ano passado, o governo divulgou que o acordo com Cuba foi
intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas), que receberia R$
510 milhões por um semestre de serviços, repassando parte do dinheiro a Havana.
Abrigo na Câmara
A cubana foi apresentada no plenário da Câmara
por Caiado, que relatou a fuga e disse que ela ficaria no gabinete da liderança
do partido até obter o asilo. Segundo o deputado, o advogado do partido
ingressará nesta quarta (5) com pedido no Ministério da Justiça para que Ramona
possa permanecer em definitivo no Brasil.
"O DEM se coloca à disposição com
estrutura física e jurídica. Pedimos ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves, segurança e vamos adaptar o gabinete para que ela possa ficar aqui,
colocar colchão, providenciar local para banho", disse.
O deputado ainda garantiu que o gabinete
estará aberto para todos os médicos cubanos que quiserem se
"refugiar"
A cubana afirmou que não deixará a Câmara
porque teme ser presa. Ela afirmou ainda estar preocupada com a filha, que mora
em Cuba. "Tenho uma filha que é médica e mora lá. Esse é o grande
problema", disse.
Ramona tem 51 anos e atua como médica há 27 anos. Ela afirmou que sua especialidade é clínica médica. O deputado Ronaldo Caiado disse que se a médica não obtiver asilo do governo brasileiro, será presa em Cuba por "desertar" o país.
Será ela uma "traidora da revolução" ou alguém com bom senso fugindo de um regime opressor?
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