O verdadeiro legado de Lula
Editorial do jornal O Estado
de São Paulo – 13/03/17
Lulopetismo deixou para o País a pior recessão econômica desde
1948, quando o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, e uma rede de corrupção
sem precedentes
No mesmo dia em que tomou
conhecimento do escabroso volume de dinheiro sujo usado pela Odebrecht para, no
dizer do ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
“apropriar-se do poder público”, o País foi apresentado ao resultado negativo
do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016. Poderiam ser dois dados estanques que
apenas por uma infeliz coincidência vieram à luz ao mesmo tempo. Mas não são.
Está-se diante do mais eloquente painel do desastre que representou o governo
do ex-presidente Lula da Silva, um tétrico quadro dos males infligidos aos
brasileiros pelo lulopetismo.
É
este o verdadeiro legado de Lula – a pior recessão econômica desde 1948, quando
o PIB passou a ser calculado pelo IBGE, e uma rede de corrupção sem
precedentes, cuja voracidade por dinheiro público parece não ter deixado
incólume sequer uma fresta do Estado Democrático de Direito.
Em
depoimento prestado ao TSE no processo que apura o abuso de poder econômico da
chapa Dilma-Temer na última eleição presidencial, Hilberto Mascarenhas Filho,
ex-executivo da Odebrecht, afirmou que entre 2006 e 2014 a empreiteira destinou
US$ 3,4 bilhões – mais de R$ 10 bilhões – para o financiamento de campanhas
eleitorais por meio de caixa 2 e para o pagamento de propinas, no Brasil e no
exterior, como contrapartida ao favorecimento dos negócios da empresa por
agentes públicos.
Igualmente
grave foi a divulgação da queda de 3,6% do Produto Interno Bruto no ano
passado, embora este resultado já fosse previsto pelo mercado. Em 2015, a
retração da atividade econômica havia sido ainda mais expressiva – 3,8% –, de
modo que os dois últimos anos representaram um encolhimento de 7,2% da economia
brasileira. Considerando o crescimento da população no período, em média, os
brasileiros ficaram 11% mais pobres no último biênio.
Alguns
analistas atribuem parte da responsabilidade pelo resultado negativo de 2016 ao
presidente Michel Temer, tendo-se em vista que em maio do ano passado ele
assumiu o governo após a aceitação, pelo Senado, da abertura do processo de
impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff. É caso de desinformação, uma
absoluta ignorância da dimensão do dano causado às contas públicas por seus
antecessores, ou simplesmente malícia. Aqueles que não deixam a catarata
ideológica obnubilar a clareza dos números não têm maiores dificuldades em
responsabilizar os que, de fato, devem ser responsabilizados. A profunda crise
econômica por que passa o País é resultado direto da mais nociva combinação de
atributos que pode se esperar em um governante: inépcia e má-fé.
Lula
é corresponsável pelos crimes cometidos por Dilma Rousseff, que, com justiça,
lhe custaram o cargo. Mais do que uma escolha, Dilma foi uma imposição de Lula
ao PT como a candidata do partido nas eleições de 2010. Jactava-se Lula de ser
capaz de “eleger até um poste”. De fato, elegeu um, que tombou deixando um
rastro de destruição.
Estivesse
verdadeiramente imbuído do espírito público que anima os estadistas que
escrevem as melhores páginas da História, Lula poderia ter conduzido o País na
direção daquilo que por muito tempo não passou de sonho. Nenhum governante
antes dele reuniu apoio popular, apoio congressual – hoje se sabe a que preço
–, habilidade política e uma conjuntura internacional favorável, tanto do ponto
de vista macroeconômico como pessoal. O simbolismo de sua ascensão ao poder
era, a priori, um fator de boa vontade e simpatia. Todavia, apresentado aos
caminhos históricos que poderia trilhar, Lula optou pelo próprio
amesquinhamento, para garantir para si, sua família e apaniguados uma vida
materialmente confortável.
Cada
vez mais enredado na teia da Operação Lava Jato, Lula apressa-se em lançar sua
candidatura à Presidência em 2018. Como lhe falta a substância da defesa
jurídica bem fundamentada – tão fortes são os indícios de crimes cometidos por
ele apurados até aqui –, resta-lhe o discurso político como derradeiro recurso.
Se
condenado em segunda instância, Lula ficará inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
Mas se o tempo da Justiça não for o tempo da próxima eleição, que a retidão dos
brasileiros genuinamente comprometidos com a construção de um País melhor seja
implacável no julgamento das urnas.
Fonte:
http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-verdadeiro-legado-de-lula,70001696820?success=true
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