quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Frase nacionalista argentina sobre as Malvinas agora é lei...


Lei Argentina obriga transporte público a mostrar a frase “As Malvinas São Argentinas”

Cartazes são mais um capítulo na infindável disputa entre Reino Unido e Argentina pela soberania sobre as Ilhas Falkland.

Uma nova lei argentina, aprovada por unanimidade parlamentar na semana passada, determinou que todos os meios de transporte coletivo do país (ônibus, trens, metrô e aviões) devem carregar em local visível um cartaz com a mensagem “Las Malvinas son Argentinas”. Estações de partida e chegada desses meios de transporte também estão obrigadas a mostrar a mensagem.
Para a autora do projeto, a senadora Teresita Luna, “com essa forma de comunicar, colaboramos para reforçar entre nossos cidadãos o sentimento de pertencimento das Ilhas Malvinas, e reforçamos a afirmação de soberania ante o turismo estrangeiro”. Certamente a medida trará importantes avanços ao transporte público argentino, já conhecido mundialmente por sua eficiência e segurança...
Os cartazes são apenas mais um capítulo na infindável disputa entre Reino Unido e Argentina pela soberania sobre as Ilhas Falkland, território de 12.200 km² localizado no Atlântico Sul e habitado por 3.000 pessoas (concentradas principalmente na capital, Stanley), 700.000 ovelhas e mais de 1.000.000 de pinguins. A controvérsia remonta ao século XIX e culminou em 1982 com uma guerra iniciada pela Argentina, na qual morreram 258 britânicos e 649 argentinos. Enquanto os portenhos apoiam sua pretensão às ilhas na colonização espanhola do arquipélago, o Reino Unido invoca principalmente o direito à autodeterminação política de seus habitantes, também conhecidos como kelpers.
Trinta anos após a vitória militar britânica, os argentinos ainda não se conformam com o resultado da guerra: o claim pelas ilhas está contido até mesmo na Constituição de 1994. A expressão “Malvinas Argentinas” dá nome, entre outros, a um município na província de Córdoba, um estádio em Mendoza e um aeroporto em Ushuaia. E, ocasionalmente, a seleção argentina de futebol estende uma faixa com os dizeres “las Malvinas son Argentinas” antes de seus jogos – a situação começou a chamar a atenção da imprensa internacional na época da última Copa do Mundo, como num amistoso contra a Eslovênia.
A nova lei a respeito do transporte público não é a única manifestação argentina recente sobre a soberania nas ilhas. No último domingo (16), foi realizada em Buenos Aires a corrida “Malvinas, corazón de mi país”, que contou com mais de 10 mil inscritos. De acordo com a propaganda oficial do evento, tratou-se de “uma iniciativa para mostrar o melhor de nós mesmos: a solidariedade do povo argentino”. Não ficou claro a quem exatamente se referiria a “solidariedade” contida na descrição do evento, mas provavelmente trata-se de uma manifestação de apoio a todos os 3 (três) habitantes das Falklands que, em um referendo realizado em 2013, optaram pelo fim da soberania inglesa do arquipélago. Na ocasião, o pequeno grupo foi derrotado por 1.513 kelpers que preferiram continuar sendo britânicos – 99,8% dos votos válidos.
Aliás, se você lamenta ter perdido essa oportunidade única de entrar em forma e ainda provocar o Império Britânico, não se preocupe: uma segunda edição da corrida será realizada no próximo dia 6 de dezembro. Em uma estratégia similar à utilizada com movimentos de apoio ao governo no Brasil, o evento possui patrocínio estatal indireto, conferido pela Aerolíneas Argentinas (empresa com 100% de controle governamental).
Falando em aviões, há também boatos de que Cristina Kirchner esteja cogitando suspender a autorização para que um voo semanal da LAN entre Punta Arenas (Chile) e Mount Pleasant (Falklands) passe pelo espaço aéreo argentino, cortando assim a única ligação comercial regular que os kelpers atualmente possuem com o continente sul-americano. Caso os boatos sejam verdadeiros, a segunda criatura no mundo a se intitular “presidenta” terá de apressar sua decisão: planeja-se para 2016 um voo regular entre as Falklands e a ilha britânica de Santa Helena, 6.000 km mais ao norte e praticamente na metade do caminho entre Stanley e Londres. A rota abrirá novas possibilidades comerciais às Falklands e ajudará a estreitar os laços da colônia inglesa com a sua metrópole.
Até o momento o governo do Reino Unido não se posicionou oficialmente a respeito da nova legislação do transporte público argentino. No entanto, analistas diplomáticos creem que uma eventual resposta britânica tenda a ser parecida com a figura abaixo...



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