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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Levy foi bem recebido pelo mercado

PERFIL-Especialista em contas públicas, Levy traz à Fazenda transparência e metas críveis

por Alonso Soto - Reuters

O ex-secretário do Tesouro Nacional e executivo do Bradesco, Joaquim Levy, foi escolhido nesta quinta-feira para assumir o Ministério da Fazenda, em uma sinalização de que a presidente Dilma Rousseff quer mudanças na atual política econômica em seu segundo mandato e injetar ânimo numa economia desaquecida.
Embora Levy não estivesse inicialmente no radar dos investidores, ele é respeitado tanto no mercado como entre os integrantes do governo Dilma, por causa de seu estilo objetivo e pragmático.
Doutor em economia pela Universidade de Chicago, Levy é atualmente o diretor-superintendente da Bradesco Asset Management, braço de gestão de recursos do Bradesco, e volta ao governo após ter sido secretário do Tesouro Nacional durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A expectativa de nomeação de Levy e de distanciamento em relação a políticas intervencionistas vinha repercutindo positivamente nos mercados financeiros domésticos desde a semana passada, quando seu nome foi vinculado à nova equipe de Dilma.
"Ao escolher Levy, ela está tentando recuperar credibilidade, o que é crucial neste jogo", disse o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos, que conheceu Levy na Universidade de Chicago e depois no Fundo Monetário Internacional. "É importante ter essa voz da razão na equipe, mas no fim das contas, continua a ser um governo de Dilma Rousseff."
A grande interrogação é sobre o grau de liberdade que o novo ministro da Fazenda terá para definir as políticas sob o comando de Dilma, que é economista e gosta de tomar ela mesma até as menores decisões sobre a política econômica, além de manter forte controle sobre a equipe.
Levy, que também já trabalhou como pesquisador para o Fundo Monetário Internacional (FMI), vai enfrentar uma tarefa desafiadora de recuperar parte da credibilidade perdida sob a gestão de seu antecessor, Guido Mantega, cujas projeções otimistas e com frequência equivocadas acabaram aborrecendo investidores e alguns de seus colegas de governo.
O uso de métodos inusitados de contabilidade pelo governo para fortalecer o resultado das contas públicas também afetou a confiança e aumentou o risco de rebaixamento da classificação de crédito do país no próximo ano.
Poucos economistas conhecem as finanças brasileiras como Levy.
Como secretário do Tesouro, entre 2003 e 2006, ele teve papel vital em ajudar o Brasil a obter o grau de investimento pelas agências de classificação de risco, ao manter os gastos controlados e revisar toda a estrutura da dívida.
Ele deve provavelmente pressionar por uma maior transparência nas contas públicas e por metas fiscais críveis para fazer com que o governo economize mais, auxiliando assim o Banco Central na tarefa de trazer a inflação para o centro da meta.
Dilma decidiu manter no cargo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
No entanto, Levy vai ter que caminhar no fio da navalha para equilibrar as contas públicas sem levar a economia para a recessão, diante dos baixos níveis de investimento e do consumo em desaceleração.
Desde que Dilma assumiu o governo em 2011, a economia cresceu ao ano em média menos de 2 por cento, e deve crescer próximo de zero neste e no próximo ano, resultado bem abaixo dos 4 por cento de crescimento ao ano registrado na década anterior, quando o Brasil se tornou um favorito dos mercados em Wall Street.



Ministro Levy.


Conheça o perfil do novo ministro da Fazenda Joaquim Levy

Por Simone Kafruni

Escolhido para suceder Guido Mantega no Ministério da Fazenda, Joaquim Vieira Ferreira Levy, atualmente diretor superintendente do Bradesco Asset Management, braço de fundos de investimento do banco, é muito bem visto tanto dentro do governo, onde já atuou como secretário do Tesouro no primeiro mandato do presidente Lula, quanto pelo mercado, que elogia sua austeridade fiscal.
Nascido em 1961 no Rio de Janeiro e formado em Engenharia Naval, Joaquim Levy obteve doutorado em Economia pela Universidade de Chicago em 1992 e mestrado em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em 1987. Iniciou sua carreira em 1984, no Departamento de Engenharia e na Diretoria de Operações da Flumar Navegação. Foi professor do curso de mestrado da FGV em 1990, antes de integrar os quadros do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde ocupou cargos em vários departamentos, entre 1992 e 1999, em particular nas divisões de mercado de capitais e da União Europeia.
Como economista visitante no Banco Central Europeu exerceu atividades nas divisões de mercado de capitais e de estratégia monetária entre 1999 a 2000. No ano de 2000, foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, e, em 2001, economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em janeiro de 2003, foi designado secretário do Tesouro Nacional. Também foi secretário da Fazenda do Rio de Janeiro no primeiro mandato de Sérgio Cabral.
Com as contas públicas em frangalhos, o trabalho de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda não será fácil, garantem os economistas. “Mas ele gosta de desafios e não será convencido a fazer coisas erradas”, afirmou a economista Monica Baumgarten de Bolle, diretora da consultoria Galanto MBB, que já trabalhou com Levy.