sexta-feira, 20 de setembro de 2024

As propostas socialistas fracassaram porque ignoraram a natureza humana?

 


As propostas socialistas fracassaram porque ignoraram a natureza humana?

Sim, um dos principais motivos pelos quais as propostas socialistas, especialmente as utópicas, fracassaram é que elas ignoraram ou subestimaram aspectos fundamentais da natureza humana, como os incentivos pessoais, e o desejo por liberdade e autonomia. Aqui estão alguns pontos que ilustram essa ideia:

1. Autonomia

As propostas socialistas utópicas muitas vezes baseavam-se em uma visão de que os seres humanos poderiam viver em perfeita cooperação e solidariedade, eliminando o egoísmo e a busca por ganhos pessoais. No entanto, a natureza humana inclui uma forte tendência à autonomia individual, com as pessoas buscando proteger seus próprios interesses e exercer controle sobre suas vidas e escolhas. Modelos que exigem sacrifícios individuais significativos em prol do bem coletivo muitas vezes falham em longo prazo, porque não correspondem à realidade da motivação humana.

2. Incentivos e Motivação

O socialismo utópico frequentemente negligenciou a importância de incentivos econômicos para motivar o esforço e a inovação. No capitalismo, as pessoas são motivadas pela possibilidade de ganho pessoal, seja através de salários, lucro ou reconhecimento. No entanto, modelos socialistas que propõem a eliminação da propriedade privada e da competição muitas vezes removem os incentivos que impulsionam a produtividade e a eficiência. A ausência desses incentivos pode levar à estagnação econômica e à desmotivação.

3. Diversidade de Aspirações

A natureza humana é extremamente diversa, com diferentes pessoas buscando coisas distintas: algumas priorizam o conforto material, outras a liberdade criativa, e outras ainda a segurança emocional. As propostas socialistas utópicas tendiam a pressupor que todos poderiam compartilhar uma visão comum de bem-estar, ignorando a variedade de aspirações e desejos que as pessoas têm. Essa diversidade é mais facilmente acomodada em sistemas que permitem maior flexibilidade individual, como o liberalismo e o capitalismo, do que em modelos que tentam padronizar as condições de vida.

4. Competição Natural

A competição é uma característica natural da vida humana, presente em diversas esferas: econômica, social e até biológica. O socialismo utópico tentou eliminar a competição, acreditando que isso levaria à cooperação plena e harmonia social. No entanto, a competição, quando regulada, pode ser um motor de inovação e progresso. Ao tentar suprimir essa tendência, muitos experimentos socialistas acabaram limitando a inovação e a eficiência.

5. Desejo por Propriedade e Controle

A posse de bens e a busca pela propriedade pessoal são impulsos humanos profundos. A propriedade privada, que o socialismo utópico buscava eliminar ou restringir, não é apenas um mecanismo econômico, mas também uma forma de os indivíduos exercerem controle sobre suas vidas e ambiente. Ignorar esse desejo natural por controle pessoal e autonomia contribuiu para o fracasso das propostas que visavam abolir ou centralizar a propriedade.

6. Liberdade e Autodeterminação

Sistemas socialistas utópicos, ao tentar planejar e controlar a sociedade em prol do bem comum, muitas vezes sacrificaram a liberdade individual. A natureza humana valoriza a autodeterminação e a capacidade de escolha, especialmente no que se refere ao trabalho, à vida pessoal e à expressão individual. Quando essas liberdades foram limitadas em experimentos socialistas, como ocorreu nas comunidades de Robert Owen ou nos regimes socialistas posteriores, a reação foi frequentemente de resistência e insatisfação.

7. Idealismo versus Realidade

O socialismo utópico frequentemente propunha um ideal de sociedade onde a cooperação total e a ausência de conflitos resolveriam os problemas da humanidade. No entanto, a realidade das interações humanas inclui conflito, desentendimentos e interesses divergentes. Modelos que ignoraram esses aspectos práticos da natureza humana acabaram fracassando porque não conseguiram lidar com a complexidade da vida social.

8. Histórico de Resultados

Os experimentos socialistas, tanto utópicos quanto centralizados (como no socialismo real do século XX), frequentemente resultaram em ineficiência econômica, baixa produtividade e, em alguns casos, repressão e autoritarismo. Isso ocorreu porque esses sistemas falharam em integrar de forma equilibrada o desejo humano por liberdade, reconhecimento e prosperidade individual com a busca por igualdade e justiça social.

Conclusão

Embora o socialismo utópico tenha idealizado sociedades mais justas e igualitárias, ele frequentemente ignorou ou subestimou aspectos fundamentais da natureza humana, como a autonomia individual, a competição, a necessidade de incentivos e a diversidade de aspirações. Ao tentar criar uma sociedade baseada na cooperação total e na eliminação de estruturas como a propriedade privada e a competição, essas propostas se revelaram impraticáveis e incapazes de lidar com as complexidades e motivações inerentes à vida humana.

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Texto gerado pelo ChatGPT4 em 20/09/24

Por que o liberalismo prosperou e as propostas socialistas fracassaram?


 Por que o liberalismo prosperou e as propostas socialistas fracassaram?


O liberalismo prosperou e as propostas socialistas utópicas fracassaram por uma combinação de fatores históricos, econômicos, sociais e culturais que moldaram a evolução das sociedades modernas. Aqui estão algumas razões principais:

1. Adaptabilidade e flexibilidade do liberalismo

O liberalismo, especialmente na sua forma econômica, demonstrou ser mais adaptável ao longo do tempo. Ele se ajustou às necessidades emergentes da sociedade, adotando políticas que conciliavam princípios de mercado com intervenções estatais moderadas, como o Estado de bem-estar social. Esse ajuste tornou o liberalismo mais viável ao responder às crises sociais e econômicas, permitindo a prosperidade dentro de um sistema capitalista.

2. Eficiência econômica

As economias de mercado defendidas pelo liberalismo mostraram-se mais eficientes em gerar crescimento econômico, inovação e riqueza. A liberdade de mercado incentivou a competição, resultando em avanços tecnológicos, aumento de produtividade e desenvolvimento de infraestrutura. O socialismo utópico, por outro lado, muitas vezes falhava em criar incentivos suficientes para a inovação e produtividade, além de não fornecer mecanismos eficazes para alocação de recursos.

3. Falhas nas implementações socialistas

As tentativas de implementar o socialismo utópico em comunidades cooperativas (como as de Robert Owen) ou em sistemas centralizados (como no socialismo soviético mais tarde) enfrentaram desafios práticos e organizacionais. Essas experiências muitas vezes colapsaram devido à falta de incentivos econômicos individuais, descoordenação, e dificuldades em sustentar o modelo cooperativo ou centralizado em larga escala. As propostas de reorganização social e econômica muitas vezes subestimaram a complexidade da economia e da sociedade.

4. Resistência cultural e individualismo

O liberalismo, especialmente em suas formas mais modernas, encaixou-se bem com os valores de liberdade individual e autonomia que cresceram em importância desde o Iluminismo. O desejo das pessoas de controlar suas vidas, propriedades e escolhas econômicas, características fundamentais do liberalismo, foi uma barreira ao socialismo, que muitas vezes exigia a renúncia de parte da autonomia individual em prol de um bem comum coletivo.

5. Pressão política e resistência institucional

As instituições políticas e econômicas nas sociedades onde o liberalismo se consolidou, como as democracias ocidentais, foram desenhadas para proteger direitos de propriedade e liberdades individuais, valores centrais do liberalismo. Essas estruturas criaram uma barreira para propostas socialistas mais radicais, que enfrentaram resistência tanto das elites quanto de amplas camadas da população. Além disso, o liberalismo defendia reformas graduais, enquanto o socialismo, em algumas de suas versões, buscava mudanças mais abruptas, frequentemente gerando oposição.

6. Fracasso das utopias socialistas

As propostas socialistas utópicas falharam, em parte, porque eram frequentemente idealistas e descoladas da realidade prática. Tentativas de criar sociedades baseadas em cooperação pura e sem competição muitas vezes desconsideravam a natureza humana e os incentivos necessários para que as pessoas trabalhassem com eficiência. A falta de um sistema econômico claro e viável para sustentar esses projetos em larga escala também contribuiu para seus fracassos.

7. O papel do socialismo real no século XX

O socialismo, na prática, foi amplamente identificado com as experiências de regimes autoritários, como o soviético, o que prejudicou sua imagem globalmente. Esses regimes, em vez de representarem uma utopia, acabaram gerando repressão, falta de liberdades, e falhas econômicas, contrastando com os sucessos aparentes do liberalismo democrático no Ocidente.

8. Capacidade do liberalismo de responder a crises

O liberalismo, ao longo do tempo, soube incorporar elementos de proteção social, como regulamentação de trabalho e políticas de seguridade social, para mitigar os efeitos mais negativos do capitalismo. Essa combinação de liberdade econômica com mecanismos de proteção tornou-o atraente para uma ampla base de cidadãos, especialmente no Ocidente.

Em resumo, o liberalismo prosperou porque conseguiu se adaptar ao longo do tempo, manter a eficiência econômica e responder aos anseios por liberdade individual, enquanto as propostas socialistas utópicas falharam em gerar um modelo econômico sustentável e em lidar com a complexidade das sociedades modernas.

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Texto gerado pelo ChatGPT 4, em 20/09/24

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O oportunismo político-ideológico explorando a tragédia aérea da VoePass

 


O oportunismo político-ideológico explorando a tragédia aérea da VoePass

 

Marco Milani

 

A atribuição de causas a eventos trágicos, como acidentes aéreos, muitas vezes é marcada por análises que refletem percepções ideológicas, em detrimento de uma avaliação objetiva das circunstâncias envolvidas. Recentemente, o acidente ocorrido com a companhia aérea VoePass foi alvo de uma narrativa oportunista que o relaciona à ganância que supostamente seria inerente ao sistema capitalista, argumentando-se que a busca incessante por lucro teria comprometido a segurança dos passageiros. Embora essa perspectiva possa encontrar algum respaldo em casos em que práticas empresariais irresponsáveis contribuam para falhas operacionais, é imperativo reconhecer que a ganância, enquanto expressão de uma postura moral, não é exclusiva de um sistema específico, mas sim uma característica humana que transcende fronteiras políticas, sociais e econômicas.

Uma análise histórica e comparativa dos acidentes aéreos em diferentes contextos reforça essa tese. No período da Guerra Fria e nos anos que se seguiram, países com regimes socialistas ou comunistas também testemunharam acidentes trágicos envolvendo suas companhias aéreas, cujas causas podem ser atribuídas, em parte, à ganância ou à falta de priorização da segurança. Exemplos emblemáticos incluem acidentes com a Aeroflot, a principal companhia aérea da União Soviética, como o Voo Aeroflot 217 em 1972 e o Voo Aeroflot 3352 em 1984. Esses eventos, que resultaram em centenas de mortes, ocorreram em um ambiente onde o lucro, no sentido capitalista do termo, não era o principal motor das operações. No entanto, as falhas administrativas, técnicas e, em alguns casos, a negligência das autoridades, demonstram que posturas inadequadas como a falta de responsabilidade podem manifestar-se de diversas formas, independentemente do sistema econômico vigente.

Outro exemplo relevante é o acidente envolvendo o Voo Cubana de Aviación 9646 em 1989, em que a companhia aérea estatal cubana sofreu uma catástrofe após a decolagem, resultando na morte de todos os passageiros e tripulantes, além de vítimas em solo. Novamente, embora o contexto econômico fosse socialista, a tragédia foi associada a falhas técnicas graves e à manutenção inadequada, refletindo uma preocupação insuficiente com a segurança em prol de outros objetivos, que, ainda que não ligados diretamente ao lucro, configuram uma forma de descuido que pode ser associada à ganância institucional.

Assim, supor que determinado sistema econômico, por si só, seja o culpado por tragédias como a da VoePass é uma simplificação oportunista que ignora a complexidade das questões envolvidas e a universalidade das falhas morais que podem existir em qualquer contexto humano. A verdadeira solução para evitar tais tragédias não reside na mudança de um sistema econômico para outro, uma vez que há inúmeros cenários com maior ou menor intervenção estatal no mercado e na vida das pessoas, mas no fortalecimento de valores éticos e na implementação de políticas e práticas que garantam a segurança e o bem-estar como prioridades efetivas. Somente por meio do aprimoramento moral do indivíduo pautado pela liberdade e valorização da vida humana acima de outros interesses, será possível mitigar a influência da ganância em qualquer contexto econômico ou político.


sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O capitalismo é impessoal, não desalmado



O capitalismo é impessoal, não desalmado

Donald J. Boudreaux*

 

Há muito para gostar no recente ensaio de Richard Jordan em Law & Liberty, "Romancing Creative Destruction". Mas também está infectado por uma falha notável, a saber, a alegação de Jordan, completa com ênfase adicional, de que "o capitalismo é desalmado".

Lido estritamente, essa afirmação é vazia de significado útil. O capitalismo não é uma criatura sensível; ele não tem consciência nem consciência. Capitalismo é o nome que damos a uma maneira particular de interações humanas. Portanto, não é mais útil observar que "o capitalismo é desalmado" do que é observar que "o tráfego de automóveis é desalmado".

Mas o desalmado' do capitalismo é afirmado com muita frequência, por pessoas de todas as orientações ideológicas, e essa afirmação obviamente transmite algum significado substantivo para aqueles que a encontram.

Qual poderia ser esse significado? Acho que sei. A alegação de que o capitalismo é desalmado reflete uma confusão entre "impessoal" e "sem alma". O capitalismo de fato apresenta inúmeras trocas impessoais, mas essa realidade não significa que o capitalismo seja desalmado.

A afetuosidade das interações pessoais

Entre pessoas que se conhecem intimamente, a assistência é oferecida por um senso de amor e verdadeiro companheirismo. As interações entre membros da família podem ser descritas como 'trocas', e as motivações para essas interações pessoais são talvez mais bem compreendidas pelos analistas como sendo enraizadas em disposições psicológicas 'escolhidas' pela seleção natural, porque essas disposições promovem a sobrevivência de cada uma das partes que interagem. No entanto, a experiência consciente de interagir com entes queridos e amigos não envolve um senso de ponderação de custos e benefícios - nenhum sentido de "troca" egoísta. Ajudamos nossos pais e filhos porque os amamos. Recebemos ajuda de nossos amigos por causa de seus sentimentos por nós. E tanto o dar quanto o receber dessa ajuda despertam emoções que nós humanos compreensivelmente descrevemos como "afetuosas".

A doçura de experimentar esse amor e afeto não pode ser adequadamente expressa em palavras retiradas de livros didáticos de economia ou biologia. Valorizamos o toque pessoal e nos regozijamos sabendo que nós, como pessoas de carne e osso, somos cuidados por outras pessoas específicas de carne e osso.

Em comunidades pequenas, cujos membros raramente interagem com indivíduos que não conhecem pessoalmente, todas as interações comerciais apresentam doses pesadas de conhecimento pessoal e emoção. O alfaiate Smith sabe que o comerciante Jones não vai enganá-lo porque Smith e Jones são velhos amigos. Enquanto cada um ganha economicamente ao negociar com o outro, cada um também ganha emocionalmente. Smith valoriza suas conversas na loja com Jones, que por sua vez aprecia a compra de Smith daquele pão extra - uma compra motivada, Jones está silenciosamente ciente, pelo conhecimento de Smith de que Jones está passando por um momento financeiro difícil.

Essas interações são pessoais. E são boas.

A ordem capitalista estendida do mercado

O comércio exclusivamente entre pessoas que se conhecem - mesmo quando totalmente não regulamentado pelo governo - não é, como tal, capitalismo. O capitalismo requer mais do que o governo se manter em grande parte não envolvido nos detalhes dos processos econômicos; o capitalismo também envolve (1) uma abertura à mudança econômica de tal forma que a inovação incessante seja encorajada e (2) um desejo de obter lucros atendendo a tantas pessoas - e a uma população diversificada de pessoas - quanto possível. No capitalismo, a divisão do trabalho - ou seja, a especialização - não é limitada pelas conexões pessoais dos indivíduos ou por limites fixados pela tradição, mas (como Adam Smith observou famosamente) "pela extensão do mercado".

Quanto maior o número de pessoas que interagem economicamente umas com as outras, maior é a capacidade dos indivíduos como produtores de se especializarem. Essa especialização aumentada, por sua vez, aumenta a produção por pessoa. Mas a mesma condição que torna possível essa especialização aumentada também torna impossível para qualquer indivíduo nessa economia conhecer pessoalmente todos os outros indivíduos com quem ele interage economicamente. Porque na economia global de hoje, as pessoas com quem interagimos economicamente chegam literalmente aos bilhões, a porcentagem dessas pessoas com quem também interagimos pessoalmente é quase zero.

Portanto, é verdade que quase todos os motivos que impulsionam e orientam bilhões de ações humanas que diariamente possibilitam nossa prosperidade moderna são exclusivamente 'econômicos', em vez de calorosos e pessoais. Quem quer que tenha saído da cama uma manhã há algumas semanas para dirigir da fazenda ao matadouro o porco que compartilhei no dia de Natal com familiares e amigos não me conhece, e eu não o conheço. Essa pessoa certamente contribuiu para o meu ótimo jantar de Natal, mas a motivação não foi amor ou bondade para com o próximo. E nenhuma parte da compra do presunto que comi foi motivada pelo afeto por esse motorista - ou, de fato, por qualquer outra pessoa envolvida no fornecimento desse presunto. Do início ao fim, a motivação e a informação vieram na forma de preços, salários, lucros e perdas registrados em termos de dinheiro. Todas essas trocas foram puramente 'econômicas'. A principal motivação em todo o processo é o ganho material, e todo o processo é guiado por cálculos racionais e monetários. Quase nenhum papel foi desempenhado por sentimentos pessoais e calorosos.

Tudo verdade. No entanto, descrever o capitalismo - ou, pelo menos, a sociedade capitalista - como sem alma é enganador.

Primeiramente, o capitalismo não nos impede de exercer e experimentar o companheirismo. Nós, habitantes da economia global do século XXI, temos tantas oportunidades de nos conectar pessoalmente com outros seres humanos quanto tiveram nossos ancestrais no Pleistoceno e aqueles nos pitorescos vilarejos da Nova Inglaterra do século XVIII. E, é claro, muitos de nós o fazem. Amamos nossos pais, irmãos, filhos e netos. Somos membros de igrejas. Cuidamos dos nossos vizinhos. Confortamos nossos amigos quando estão mal e somos confortados por eles quando a sorte se inverte. Se alguns de nós hoje escolhem viver vidas mais isoladas e solitárias - uma opção, admitidamente, facilitada pela riqueza capitalista - isso não é culpa do capitalismo. Se culpa deve ser atribuída, é aos indivíduos que escolhem essa opção.

No entanto, mais uma vez, a maioria de nós não escolhe viver como átomos isolados. Suspeito que o morador típico hoje de Manhattan, Miami ou Manchester tem tantas conexões pessoais e afetuosas com outros indivíduos de carne e osso quanto tinha o morador típico, 500 anos atrás, de qualquer vila medieval.

Mas a acusação de que o capitalismo é "sem alma" é falha de uma segunda maneira e até mais profunda. O que o habitante da modernidade tem e seu ancestral medieval não tinha são conexões muito reais também com inúmeros outros seres humanos. No sistema de cooperação social que se estende pelo globo hoje em dia, bilhões de indivíduos todos os dias são incitados e orientados a trabalhar para o benefício mútuo. Ainda temos as conexões pessoais das quais tiramos calor humano. Mas também temos conexões de mercado extensas com incontáveis estranhos que permitem a vastas porções da humanidade se ajudarem mutuamente como se cada um de nós amasse e fosse amado por bilhões de estranhos de origens e crenças diversas.

Motivados, na verdade, não pelo amor, mas pelo interesse próprio - e orientados não pelo conhecimento pessoal, mas por sinais de mercado impessoais - os mercados capitalistas são realmente impessoais. E eu admito que eles parecem frios e sem alma quando comparados às conexões face a face que temos com entes queridos, vizinhos e comerciantes locais em cidades pequenas. Mas certamente, quando comparados à pobreza mortal que experimentaríamos se tivéssemos conexões econômicas apenas com pessoas que conhecemos pelo rosto e nome, os mercados capitalistas devem ser aplaudidos por sua humanidade. Descrever como "sem alma" um sistema que encoraja e permite que inúmeros estranhos cooperem pacífica e produtivamente para o benefício mútuo certamente transmite uma impressão totalmente falsa.

O capitalismo é impessoal. Não é desalmado.

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 *Donald J. Boudreaux is a Associate Senior Research Fellow with the American Institute for Economic Research and affiliated with the F.A. Hayek Program for Advanced Study in Philosophy, Politics, and Economics at the Mercatus Center at George Mason University; a Mercatus Center Board Member; and a professor of economics and former economics-department chair at George Mason University. He is the author of the books The Essential Hayek, Globalization, Hypocrites and Half-Wits, and his articles appear in such publications as the Wall Street Journal, New York Times, US News & World Report as well as numerous scholarly journals. He writes a blog called Cafe Hayek and a regular column on economics for the Pittsburgh Tribune-Review. Boudreaux earned a PhD in economics from Auburn University and a law degree from the University of Virginia.

  

Fonte: https://www.aier.org/article/capitalism-is-impersonal-not-soulless/

 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

O falso cognato e a arrogância dos “ungidos”

 

O falso cognato e a arrogância dos “ungidos”

 

Marco Milani

 

Ao estudar um novo idioma, o aprendiz enfrenta situações que podem gerar confusões semânticas, principalmente quando algumas palavras estrangeiras são escritas de maneira muito semelhante àquelas existentes em sua língua nativa, porém possuem significados diferentes e até antagônicos. Tais são os chamados falsos cognatos.

Em inglês, dentre muitos exemplos, tem-se que: parents significa pais (e não “parentes”), fabric significa tecido (e não “fábrica”) e lecture significa palestra (e não “leitura”).

Um falso cognato não muito citado é condescendent. Em português, “condescendente” é utilizado para alguém tolerante, flexível e complacente. Em inglês, todavia, condescendent aplica-se para alguém que age com arrogância, presunção e prepotência.

E o que falsos cognatos têm a ver com os ungidos, conforme relacionado no título deste texto?

O economista Thomas Sowell, em seu instigante livro The vision of the anointed: self-congratulation as a basis for social policy (lançado no Brasil pela LVM Editora com o título “Os Ungidos: A fantasia das políticas sociais dos progressistas”) caracteriza aqueles que podemos denominar de ungidos (anointed), os quais possuem a presunção de superioridade moral e apresentam uma peculiar visão da realidade, calcada em utopias coletivistas desconectadas dos fatos, mas que direcionam a formulação de várias políticas públicas equivocadas. A mentalidade dos ungidos centra-se na suposição de que as ações prescritas por eles (seres virtuosos e sábios) para a sociedade deveriam ser implementadas como único caminho para se promover a justiça e igualdade entre todos. As vozes dissonantes, que ousam discordar dos ungidos, são apontadas como retrógradas, antidemocráticas e passíveis de serem caladas em nome de um suposto bem comum.

Sowell demonstra com dados estatísticos como fracassadas políticas sociais “progressistas” foram elaboradas nos EUA desde a década de 1960 sob a influência arrogante (condescendent) de uma autoproclamada elite moral, repleta de boas intenções, mas que paradoxalmente agravou os problemas que se desejavam resolver, gerando crises na área educacional, segurança pública e até na estrutura familiar.

Em síntese, os ungidos se acham condescendentes e plenos de virtudes, mas não passam de limitados e iludidos condescendents. 




quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Karl Barth combateu a ideologização do cristianismo e o comunismo teológico

 


Karl Barth combateu a ideologização do cristianismo e o comunismo teológico

 

Pedro Henrique Alves

 

 Nascido em 10 de maio de 1886, na Basileia, noroeste da Suíça, Karl Barth pode ser considerado o teólogo protestante mais influente de seu tempo. A teologia reformista de cunho conservador, a oposição ferrenha ao nazismo e também a capacidade singular de reestruturar a dogmática clássica do protestantismo em oposição à teologia liberal de Paul Tillich são algumas causas para isso.

Filho de Fritz Barth e Anna Sartorius, desde cedo esteve envolvido no debate teológico e filosófico devido às atuações de seu pai como clérigo, professor de Novo Testamento e Igreja Primitiva. Não há detalhes precisos sobre como passou os seus primeiros anos de vida, certo é, todavia, que cresceu em Berna, num ambiente culto e tradicional, com seus pais constantemente debatendo filosofia e teologia no ambiente familiar, tendo o livre arbítrio ‒ uma causa primeira para os calvinistas ‒ sempre como uma questão a ser analisada e reanalisada após o café da manhã.

Estudou nas universidades de Berna, Berlim, Tübingen e Marburg, de 1911 a 1921 serviu como professor de teologia e pastor na aldeia de Safenwil, numa região conhecida como Cantão de Aargau, entre Basileia e Zurique. Em 1913, casou-se com Nelly Hoffmann, violinista de raro talento e uma erudita modesta em seu lar. O casal deu à luz a cinco filhos, uma menina e quatro meninos.

A atuação de Barth nos anos de pastoreio o marcaria de maneira profunda, principalmente porque notaria a olho nu o claro estrago que a teologia liberal vinha causando na crença e nas ideias populares dos seus fiéis. Sobre o tema ele poderia discorrer com propriedade, pois foi formado intelectualmente por liberais; em Berlim participou dos colóquios de Adolf von Harnack e teve como professor ninguém menos que Wilhelm Herrmann, um dos mais estimados teólogos liberais de seus dias. Além disso, ainda na casa de seus pais, ele havia estudado as influências filosóficas do iluminismo sobre esses autores e como eles tendiam a uma leitura marxista de Hegel, sendo este outro forte aspecto que o afastou da teologia liberal alemã, depois de seus anos de estudos pós-universidade.

Essa teologia liberal alemã, após 1920, acabaria abraçando conscientemente o socialismo alemão, tanto como uma resposta ao nazismo como por convicção ideológica. Karl Barth negaria veementemente tanto o nazismo quanto o comunismo. Acreditava que a teologia não se faz no método filosófico de verdades políticas, e é justamente aqui que ele se afasta categoricamente de Paul Tillich, teólogo influenciado pelo marxismo, que acreditava que a teologia estava subordinada às inquirições e métodos da filosofia, que a leitura cultural das verdades bíblicas antecedia a leitura espiritual.

Não à toa compôs a famosa Declaração de Barmen, texto em que o teólogo insistia que uma subordinação clerical e eclesiástica ao Estado ‒ naquele contexto o Estado nazista ‒ e às ideologias modernas seria uma traição fatal ao Evangelho e a Cristo. Aliado à Declaração, outro texto seu, Nein! Antwort an Emil Brunner [em tradução livre: Não! A teologia natural], o fez conhecido em todo mundo protestante norte-americano e o maculou politicamente na Alemanha, fazendo com que saísse fugido do país em 1935.

 

Uma teologia nem liberal e nem tradicional 

 

No entanto, como parece, foi a sua atuação como pastor e seus estudos que o levaram a se decidir por não adotar os pressupostos liberais em sua teologia autoral, o que fazia dele uma terceira via mais segura de protestantismo para aqueles que recusaram o nazismo e o comunismo como vias de leitura religiosa. Para Barth, tanto os pastores que abraçaram o nazismo, com aqueles que adulavam o comunismo, eram em essência um erro a ser extirpado do debate teológico, pois, sendo Deus o totalmente outro, a teologia não é uma ciência pautada nas bulas filosóficas e políticas de grupos de influência.

Sua teologia começa a se delinear em um processo de desintoxicação da teologia liberal; experiências do pastoreio de 1911 a 1921, e a partir de encontros que teve, especialmente, com Christoph Blumhardt, um teólogo luterano, de linha liberal, mas que havia feito pregações sobre a ressureição de Cristo e a centralidade da teologia nos escritos bíblicos que marcaram profundamente Barth. A partir dessa influência, ele inicia dois movimentos de retorno importantes.

O primeiro é o retorno quase que extremista ao texto bíblico, a ponto de chegar a momentaneamente abdicar de outros estudos paralelos; e o segundo, o retorno à pregação do evangelho de forma apaixonada e militante, o que gestaria um de seus livros mais belos e gratificantes de se ler: Palavra de Deus e Palavra do Homem ‒ ele terminará sua vida como pregador, mais do que como teólogo. Muitos acreditam que até esse momento não há uma teologia genuína em Barth, principalmente aquela que depois faria dele um teólogo admirado por homens como Thomas F. Torrance e Rudolf Karl Bultmann. A tese, no entanto, não é válida: em suas pregações já se enxerga o cerne de sua teologia, isto é, a separação completa do divino e da capacidade humana de compreensão desse divino, aquilo que ele chamaria de “totalmente outro”.

 

O totalmente outro 

 

Em A Carta aos Romanos, texto de comentários ao livro bíblico homônimo, Barth se estabeleceu como um teólogo original, reformista e uma verdadeira terceira via entre o tradicionalismo luterano alemão e a teologia liberal. Iniciada em 1916, enquanto atuava como pastor, sua primeira edição foi finalizada em 1918 e lançada no ano seguinte. No entanto, como pontuou logo que a obra foi lançada, ele não gostou do resultado final e, assim, decidiu revisar profundamente o texto entre 1919 e 1921. A obra foi relançada, em sua segunda edição, em 1922. Rapidamente essa segunda edição ganhou força em toda a Europa, sendo adotada até mesmo em alguns seminários católicos. Daí a brincadeira de que Barth seria o protestante mais amado pelos católicos.

Na obra, Barth argumenta que o Cristo morto na cruz e o Cristo ressurreto são completamente outro na percepção intelectual humana. Assim sendo, é impossível conceber a grandeza do Cristo em comparação com culturas, posses e métodos científicos humanos, Deus é imensurável em sua capacidade e análise. O livro serviu como fundamentação teológica para o desprendimento da leitura bíblica ante os movimentos e embates políticos da época. Fato é que parecia que não se podia ler um salmo sem correlacioná-lo às ideologias e debates políticos do momento, fazendo assim Tillich soar como o dono da razão.

Barth tenta resgatar o centralismo da fé cristã na revelação, e a teologia como fruto da reflexão teológica a partir dessa revelação, e não de instrumentos filosóficos e outros mais. A repercussão das ideias de Barth em A Carta aos Romanos o levou a ser convidado a lecionar na prestigiada Universidade de Göttingen, em 1921. Mais tarde, ele seria nomeado também para as universidades de Münster, em 1925, e Bonn, em 1930. Lá em Göttingen, para complementar sua nascente teologia, ele se volta aos escolásticos protestantes e aos Padres da Igreja ‒ patrística.

Seu Die protestantische Theologie im 19 [Teologia Protestante no Século XIX] trata de um prenúncio de sua obra mais complexa, Dogmática Eclesiástica [com edição brasileira, sob uma tradução aquém do que se esperava]. Em 1927, escreveu uma tentativa de epistemologia teológica própria em Die Lehre vom Worte Gottes; Prolegomena zur christlichen Dogmatik [A Doutrina da Palavra de Deus: Prolegômenos à Dogmática da Igreja]. Na obra, Barth tenta estabelecer como invariáveis certas interpretações da revelação, tal como a verdade do Espírito Santo, a Trindade Santa e a Encarnação de Cristo. No entanto, não estando satisfeito com seu método teológico, em 1931 ele recorre ao amigo Heinrich Scholz, filósofo da ciência, para ajudá-lo na composição dos seus estudos sobre Santo Anselmo ‒ os quais depois seriam impressos sob o título de Fides quaerens intellectum [Fé em busca de entendimento].

Foi somente em 1932 que lançou sua Dogmática Eclesiástica, onde estabelece as formas gerais de sua teologia, e se apresenta, por fim, como um teólogo de fato independente. Foi nessa obra que ele arregimentou como pressuposto de sua teologia aquilo que praticou em A Carta aos Romanos: a teologia dialética. Tal doutrina basicamente estabelece que a revelação une elementos que tendem a naturalmente se afastar: Deus e o homem, revelação e história, graça e pecador, eternidade e tempo, fazendo com que somente a partir da revelação evangélica a fé cristã se torne minimamente compreensível e praticável ao homem racional. Cabe pontuar, também, que aqui obviamente se encontra como base a visão hegeliana de dialética do espírito: posição > negação > síntese.

 

A crítica católica 

 

Uma crítica católica às ideias de Barth seria que, sob esse fundamentalismo bíblico e sua constante recusa em aceitar os raciocínios filosóficos para aclarar princípios teológicos, a teologia dele se transformou em um laicismo prático. Se Deus é totalmente outro, se a ele não podemos correlacionar os produtos da razão e da cultura humana, por qual motivo Deus deveria influenciar na história, nas escolhas, nas tradições, nas leis, em suma, na condução civilizacional? Se o Deus revelado é inteiramente outro, o agnosticismo seria a religião mais adequada ao Deus de Barth. A análise católica do pensamento de Barth é realmente cortante, ainda que pareça superficial num primeiro instante, pois captura o cerne do pensamento do suíço e elabora uma crítica difícil de ser totalmente rebatida.

Ainda que não seja o que Barth pensou quando teorizou sua teologia autônoma, de fato a crítica católica parecia apresentar um ponto espinhoso para o teólogo, pois ele passa os finais de seus dias remendando e reanalisando sua teologia em vários aspectos. Para alguns, ele conseguiu desfazer os nós duros da crítica romana, para outros, não.

A teologia católica, que desde cedo se apoiou na filosofia grega, de Agostinho a Santo Tomás de Aquino, e posteriormente na revisão escolástica e renascentista, não poderia se apoiar em Barth, dono de uma teologia “sola scriptura”, para fazer suas considerações mais profundas. A Encíclica Fides et ratio [Fé e razão] de 14 de outubro de 1998, de João Paulo II, apenas reafirma tal postura da Igreja Católica e afasta sua teologia de quaisquer solas tipicamente luteranas.

Mas com certeza a crítica teológica central de Barth e de Joseph Ratzinger, por vezes, andaram juntas e pareciam se completar. Ambos condenaram a ideologização do cristianismo, ambos foram favoráveis à emancipação eclesiástica ante ao Estado totalitário, ambos condenaram doutrinalmente a releitura bíblica feita pelos adeptos do comunismo teológico. Não à toa Ratzinger é considerado o maior teólogo católico da contemporaneidade, conseguindo estabelecer um elo entre a modernidade e a teologia tradicional do catolicismo; e Barth é considerado o maior teólogo protestante da modernidade, conseguindo restabelecer a liberdade cristã ante a utilização da revelação para fins políticos, e dando aos seus adeptos uma plataforma teológica sólida de reflexão sobre Deus.

 

Repercussão e últimos dias 

 

Após a Segunda Guerra Mundial, Barth se dedicou a formular mais profundamente sua teologia. Em 1947 publicou seu curso em Bonn, Dogmatik im Grundriss [Dogmática um esboço], livro preciso para compreender as revisões teológicas feitas por ele após o amadurecimento de suas ideias e as ditas “críticas católicas”. Nessa altura, seu prestígio acadêmico e popular era enorme.  Ele foi convidado a palestrar, por exemplo, no Conselho Mundial das Igrejas em Amsterdã, em 1962. No mesmo ano, por ocasião da publicação de sua obra Einführung in die evangelische Theologie [Teologia Evangélica: Uma Introdução] foi convidado pelas universidades de Princeton, Nova Jersey e Chicago. Conheceu Roma após o Concílio Vaticano II e escreveu, com extremo bom humor e cordialidade, sobre a ocasião. Ao todo, publicou 17 livros, sem contar os inúmeros artigos e anotações.

No final de sua vida, costumava fazer visitas periódicas à prisão da Basileia, demonstrando um forte espírito evangelista de seus tempos de pastor. Morreu nessa mesma terra, em 10 de dezembro de 1968, aos 85 anos.

 

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/karl-barth-combateu-a-ideologizacao-do-cristianismo-e-a-releitura-biblica-do-comunismo-teologico/

 


domingo, 4 de dezembro de 2022

Como a Estônia se tornou um dos países mais ricos da Europa Oriental

 


Como a Estônia - sim, a Estônia - se tornou um dos países mais ricos da Europa Oriental

  

Luis Pablo de la Horra* 


A Estônia é o exemplo vivo de que o progresso humano está intimamente ligado à liberdade econômica.


     A razão de que alguns países são ricos e prósperos enquanto outros parecem estar condenados ao flagelo da pobreza existe há séculos. Muitos fatores têm sido apontados como determinantes da prosperidade: geográficos, culturais, históricos etc.

      No entanto, pelo menos desde a publicação em 1776 de A Riqueza das Nações, sabemos que as instituições políticas e econômicas desempenham um papel decisivo a esse respeito. O livre comércio, uma estrutura legal confiável que protege a propriedade privada e faz cumprir os contratos e uma moeda sólida são condições necessárias para que os países prosperem.

      O surgimento e a consolidação de instituições que impulsionam o crescimento levaram centenas de anos em países como o Reino Unido e os Estados Unidos. No entanto, nas últimas décadas, vimos que as políticas certas podem acelerar significativamente o desenvolvimento econômico. A Estônia é um exemplo paradigmático disso.

 

História da Estônia

 

     Em 20 de agosto de 1991, a Estônia conquistou sua independência após 51 anos sob o jugo do comunismo. O país foi ocupado pela primeira vez pelo Exército Vermelho em junho de 1940 sob a égide do Pacto de Não Agressão Alemão-Soviético, pelo qual os dois estados totalitários dividiram a Europa Oriental em esferas de influência.

      Um ano depois, o exército nazista invadiu a União Soviética, ocupando a Estônia até 1944, quando os soviéticos retomaram o país. A instabilidade política na União Soviética durante o início dos anos 90 precipitou a restauração da democracia no país báltico.

 


     Desde o primeiro dia, o novo governo se comprometeu a realizar reformas voltadas para o mercado que lançaram as bases para uma transição bem-sucedida do socialismo para o capitalismo. A agenda política incluía a reforma monetária, a criação de uma zona de livre comércio, um orçamento equilibrado, a privatização de empresas estatais e a introdução de um imposto de renda de taxa fixa.

 


     Um dos arquitetos dessa agenda pró-mercado foi Mart Laar, primeiro-ministro da Estônia durante dois períodos: 1992-1994 e 1999-2002. Laar afirmou que se inspirou no best-seller de Milton Friedman, Free to Choose, para implementar seu ambicioso plano de reforma de livre mercado.

    Essas reformas abriram caminho para o incrível aumento nos padrões de vida que a Estônia experimentou desde a independência. Hoje, a Estônia é considerada um país de alta renda pelo Banco Mundial, e é membro da UE e da zona do euro. O poder de compra dos estonianos aumentou 400% nas últimas duas décadas, apesar do forte impacto que a crise financeira de 2008 teve nas economias bálticas. Além disso, a expectativa de vida passou de 66 anos em 1994 para 77 anos em 2016.

      A Estônia está classificada entre os principais países em termos de liberdade econômica. As finanças do governo são saudáveis, como demonstrado pelo fato de que a dívida pública é de apenas 9,5% do PIB. Em termos de mercado de trabalho, a taxa de desemprego da Estônia é de 5,3%, bem abaixo da média da UE. Por fim, seu eficiente e atraente sistema tributário corporativo (lucros não distribuídos não são tributados) colocou a Estônia como um centro mundial para empresas de alta tecnologia, impulsionando os investimentos estrangeiros e o crescimento econômico.

      Quando comparada com as outras ex-repúblicas soviéticas, o progresso da Estônia é ainda mais surpreendente. Em termos de renda ajustada pela Paridade do Poder de Compra, a Estônia ocupa o primeiro lugar, à frente de países como a Rússia ou a Letônia, e bem acima da renda mediana. A imagem é semelhante quando se trata de outros indicadores como expectativa de vida ou taxa de mortalidade infantil, onde a Estônia mostra que o progresso econômico tem um impacto real nos padrões de vida das pessoas.

      A Estônia é o exemplo vivo de que o progresso humano está intimamente ligado à liberdade econômica. No entanto, existem muitos outros. Países que até então eram extremamente pobres estão abandonando a lama do subdesenvolvimento e abraçando a prosperidade graças ao capitalismo. As receitas para o crescimento econômico e o progresso são conhecidas. A única coisa que podemos fazer é espalhar a palavra para que todos os países tenham a oportunidade de melhorar seus padrões de vida, como a Estônia fez no início dos anos 1990.

 

* Luis Pablo De La Horra é bacharel em inglês e mestre em finanças. Ele escreve para FEE, Instituto de Assuntos Econômicos e Speakfreely.today.


Fonte: https://fee.org/articles/how-estonia-yes-estonia-became-one-of-the-wealthiest-countries-in-eastern-europe/?fbclid=IwAR0DhkVAc0P48CNMFMUqawJFDsdS3HOLz4qXIijTmyxpvhqzK2ECwFN-Up4